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domingo, 27 de dezembro de 2009

ESPERANÇA (LAM. 3:21 E 29)

ANO LXVII - Domingo, 27 de dezembro de 2009 - Nº 3348

Esperança (Lam. 3:21 e 29)

Aqueles que tiveram o cuidado de ler os textos referidos acima (os que não leram, sugiro que o façam), puderam perceber que o tema esperança é o foco de ambos os escritos, mas em dimensões bastante distintas.

Neste final-início de ano penso que estas duas atitudes devem fazer parte de nossa experiência. Somos testemunhas de tantos fatos tristes, deprimente e que nos envergonham como pessoas e como brasileiros, fazendo-nos colocar a "boca no pó", para ver se ainda há esperança. O desânimo com a situação circundante quanto às promessas não cumpridas, os compromissos lançados no ralo da desfaçatez, a bandalheira e roubalheira descarada de políticos e mandatários que deveriam dar exemplo, o favorecimento de pessoas para locupletarem-se sob o símbolo da concessão, a impunidade de toda essa sujidade, é muito grande. Jeremias vivia uma situação parecida de corrupção em Israel e nos dá esse incentivo: "boca no pó, talvez haja esperança".

Somos, por outro lado, destinatários de incontáveis manifestações da graça do Senhor. Somos agraciados de tantos modos e em tantas vezes, que podemos e devemos nos estimular à esperança trazendo à memória os fatos e ocorrências que façam renovar-se em nós. Não é alienação inconsequente, não é "faz de conta", não é "joguinho de contente" de Polyana; é orientação bíblica de alguém experiente na vida e com o Senhor; de quem sabe o que é sofrer e sentir a dor do desmoronamento de sua nação, mas que tem sido sustentado e amparado pelo Senhor mesmo em meio a tantas lutas e recomenda relembrar "o que pode dar esperança".

É tempo de por a "boca no pó", mas, também de trazer à memória aquilo que pode gerar esperança em nossos corações. Sejam essas atitudes presentes em nosso viver no ano de 2010.

seja esse um ano de compromisso de fé e testemunho fiel a Cristo por parte de todos nós, membros da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana. Acima de tudo fidelidade a Cristo e Seu Pendão.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 20 de dezembro de 2009

A BÍBLIA E O NATAL (ENCARNAÇÃO DA PALAVRA)

ANO LXVII - Domingo, 20 de dezembro de 2009 - Nº 3347

A Bíblia e o Natal (encarnação da Palavra)

Dois assuntos que são de alcance imenso: Bíblia e Natal. Falar sobre eles em separado já demanda muita escrita e tempo. Tratar de ambos juntos, torna-se tarefa dificílima.

No entanto, não se pode falar de um sem o outro. Não há como falar sobre a Bíblia e não falarmos do Natal (de fato e de verdade, sem agregações), nem tampouco falarmos de Natal, sem que falemos em Bíblia.

O mês de dezembro reúne estes dois grandes assuntos no calendário cristão (protestante), sendo o dia da Bíblia comemorado no segundo domingo do mês e o Natal de Jesus no dia 25.

Para nós, é motivo de júbilo e louvor a Deus desfrutarmos destes dois grandes momentos, ou seja, reconhecermos e recepcionarmos a Bíblia como Palavra de Deus escrita e celebrarmos o nascimento de Jesus, o Cristo, nosso salvador e Senhor, a Palavra encarnada.

É pela Bíblia que somos informados desta indescritível graça, a saber, a dádiva de Deus, o Pai, a nós ao enviar seu Filho para nascer da carne e se tornar um de nós. Enfrentar as limitações da carne humana, sofrer, morrer, ressuscitar e ascender ao céu, a fim de interceder por nós para sempre. É pela Bíblia que somos informados que Jesus é nosso intercessor permanente e nosso mediador perene entre o Pai e nós. Não se trata apenas de 33 anos, mas o restante da manifestação do tempo Ele, Jesus, permanecerá sendo aquele por meio de Quem veremos e nos relacionaremos com o Pai.

Neste dezembro damos graças a Deus por Sua Palavra escrita (a Bíblia) e por Sua Palavra encarnada (Jesus); onde aquela aponta e testifica sobre esta, enquanto esta nos leva e ensina a buscar naquela a vontade do próprio Deus.

Louvado seja o Senhor por Sua Palavra escrita e encarnada.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 13 de dezembro de 2009

AI (10)

ANO LXVII - Domingo, 13 de dezembro de 2009 - Nº 3346

"Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros..." (Isaías 6:5)

Dentre os ais existentes no livro do profeta Isaías, este é, provavelmente, o de caráter mais pessoal. Ele se vê e se reconhece como uma pessoa de lábios impuros e descortina qualquer obscuridade, remove toda máscara, ao dizer e assumir: "sou home de lábios impuros". A postura de "abrir o coração" e expor-se aos olhos dos outros traz sempre riscos. Como poderia o profeta ser uma pessoa assim? É chocante.

Todos nós temos os nossos ais na mesma dimensão do profeta Isaías, mas não nos arriscamos a fazê-lo publicamente, por temermos consequências de descrédito e desautorização ante à sociedade que nos cerca. É preciso temor do Senhor e muita contrição para assumir um ai como este de Isaías.

O profeta revela sua condição interior de pessoa pecadora e que fere a Deus com suas palavras e atitudes, assume essa faceta obscura do pecador, que todos nós temos, mas que muitas vezes preferimos ignorar. Nossa liturgia traz sempre esse momento de confissão, a fim de nos fazer lembrar quem somos, sobretudo, diante do Senhor. Não podemos deixar que tal momento em nosso culto se torne formal e mecânico, precisamos recuperar, ante a Face do Senhor, esta visão quanto ao oportuno "ai de mim" Estou perdido!".

Em nossa sociedade essa expressão do profeta já não encontra mais lugar, pois a maioria já não se vê pecadora e de lábios impuros. A falta da visão de Deus como sendo Quem Ele é, embota, à pessoa, a visão quanto a si própria em sua manifestação de vileza e pecado. Nada que nos tire de nosso conforto e bem estar é recebido com satisfação. O desconforte e o desprazer que tal visão traz às pessoas nesse tempo secularizado, vai impedindo, cada vez mais, que se vejam como pecadoras. Cada vez mais, na expressão de John Mac Arthur, é "uma sociedade sem pecado". Não que ele não exista nale, mas que ela mais e mais o desconsidera como realidade.

Assim, que bom e que felicidade podermos dizer como Isaías: "Aí de mim! Estou perdido!", porque somos condizidos pela mão do Senhor e por Ele resgatados e salvos do pecado que nos condena e nos leva à perdição.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 6 de dezembro de 2009

AI (9)

ANO LXVII - Domingo, 06 de dezembro de 2009 - Nº 3345

"Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão" (Isaías 10:1)

Como as coisas têm se modificado nos últimos tempos. A evolução tecnológica, a rapidez da informação, os meios de transportes e outros avanços. Mas, como as coisas vem se mantendo as mesmas ou, às vezes, piorando.

Isaías (650 anos antes de Cristo) escreve sobre esse ai, que persiste e se agrava até hoje: a feitura de legislação injusta.

Falamos com crítica de nossas leis criminais frouxas, de noassa legislação tributária escorchante (de esfolar a pele), de nossos operadores do Direito (juízes, promotores e advogados) por "soltarem" os bandidos e defenderem marginais. No entanto, a responsabilidade pela confecção e promulgação dessas leis é do Poder Legislativo e Executivo. Lá (nesses dois poderes) é que leis injustas e iníquas são votadas e estabelecidas para os cidadãos.

Quando vemos a situação de nossas casas legislativas e exemplos de nossos chefes executivos, resta-nos pouca esperança de que leis não injustas e não iníquas sejam proposta e aprovadas. A corrupção sempre existiu (Isaías nos fala disso) no Brasil e no mundo, mas estamos chegando perto de um ponto de saturação, de insuportabilidade que, inevitavelmente, nos levará a uma postura de revolta e rebelião, ou de apatia e indiferença ("não tem jeito mesmo").

Isaías faz referência ao tipo de lei injusta: a que nega justiça ao pobre, arrebata direito do aflito, despoja as viúvas, rouba os órfãos. Vejam nossa legislação previdenciária privilegiando a poucos em detrimento de muitos. O achatamento do ganho dos que pagaram, ao longo da vida, por sua aposentadoria e veem subtraídos o direito à uma vida digna em sua velhice e respeito ao seu direito (supostamente adquirido).

Sejamos nós construtores de uma sociedade mais digna e honrada, com testemunho cristão de vida fiel ao Senhor e Seus princípios, além de sermos cidadãos conscientes que lutam (por meio de seu voto e manifestações públicas) por seus direitos e contra as leis injustas e, também, contra os que decretam tais leis.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 29 de novembro de 2009

AI (8)

ANO LXVII - Domingo, 29 de novembro de 2009 - Nº 3344

"Ai do perverso! Mal lhe irá; a sua paga será o que as suas próprias mãos fizeram" (Isaías 3:11)

Lei do Carma. Proposta hindu e kardecista para justificar a situação de maldade e sofrimento no mundo. Você fez ontem (vida anterior), está pagando hoje. Você faz hoje, pagará amanhã (reencarnado).

Isaías não está falando deste tipo ou modo de "paga" a ser imposta sobre o perverso ou ímpio. Seu ensino diz respeito ao juízo de Deus, à justiça do Senhor. O princípio é claro: condenação pelas obras feitas, juízo sobre os atos perversos realizados. O julgamento acontecerá conforme as obras. Por isso: ai do perverso.

Ao olharmos a sociedade ao nosso redor e percebermos a multiplicação da iniquidade, da violência, da insegurança, da sexualidade desparametrizada, do assinte em se pagar R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais em uma bolsa) em meio a tanta carência, miséria, fome e necessidade; ao olharmos os grandes conglomerados com seus interesses comerciais (laboratórios farmacêuticos e outros), onde as questões ligadas à preservação e à vida são minimizadas e desprezadas, como não dizer: ai do perverso?

No entanto, o que nos gera certa indignação é o fato de retardamento ou adiamento desta "paga", ou acerto. Na expressão do salmista "os nossos pés quase vacilam" ao vermos esta iniquidades sem punição já e imediatamente. Essa transferência para o depois, para o além, para a eternidade, nos deixa, por vezes, frustrados. Digo isso com base em minha visão e depois de ouvir tantos e tantos com esta mesma impressão. Queremos ver este pagamento ou "paga" aqui e agora. Mas, isso ocorrerá no tempo devido e próprio, tempo do Senhor que, em Sua longanimidade vai suportando essas perversões e "deixando" que as pessoas continuem em seu caminho, cujo final será de sofrimento e dor.

Assim tenhamos uma atitude que não faça crescer as injustiças e iniquidades e, ao mesmo tempo, busquemos, por vias próprias, penalizar e punir os que agem perversamente, mas descansando na certeza de que, caso aqui não recebam a paga, hão de recebê-la no dia do juízo de Deus.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 22 de novembro de 2009

AI (7)

ANO LXVII - Domingo, 22 de novembro de 2009 - Nº 3343

"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal...."
(Isaías 5:20)

Inversão de valores. Penso que esta expressão define bem o texto deste ai do profeta Isaías. A falta de padrão, ou melhor, a corrupção absoluta das normas de padrão, gerando a completa e total perversão: o mal se torna bem, e o bem, mal.

Lemos no Livro dos Atos dos Apóstolos (17:6) uma palavra contra os cristãos nos seguintes termos: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui". A idéia do dito é: "os que têm virado o mundo de cabeça para baixo", ou "bagunçado" o mundo. Será verdade?

Nós cristãos não viramos o mundo de cabeça para baixo, nós buscamos colocá-lo na posição certa. O problema é que a cada dia vai se acentuando a postura de chamar ao mal bem, e ao bem, mal. A corrupção vai se alargando e se aprofundando a tal ponto, que os valores vão sendo postos de cabeça para baixo. São dias como os de Isaías, em que os discípulos e filhos do Senhor são afrontados e ridicularizados por sustentarem os valores em sua posição correta.

Não é incomum ouvirmos cada vez mais acentuadamente: "Não se preocupe (não esquenta) todo mundo faz isso". O padrão no trato com a sonegação, o nível no relacionamento da intimidade no namoro, a infidelidade dentro da esfera do casamento, a ruptura dos laços do matrimônio por motivos não justificáveis à luz da Escritura, a leniência no trato com a injustiça individual ou social, a falta de decoro (vergonha) dos que governam e se locupletam sem nenhum constrangimento e dizem ser assim mesmo, ou se veem acima da lei. Poderíamos multiplicar as manifestações desta transformação do mal em bem, do doce em amargo, da luz em trevas, desta corrupção do senso e dos valores; seria enfadonho. Apenas ouçam: "Ai deles".

Como cristãos não tenhamos receio em manter nossa convicção e postura, sustentando os valores à luz das Escrituras Sagradas , chamando ao bem, bem, e ao mal, mal. O Senhor assim nos fortaleça.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 15 de novembro de 2009

AI (6)

ANO LXVII - Domingo, 15 de novembro de 2009 - Nº 3342

"Ai dos que puxam para si a iniquidade com cordas de injustiça..." ( Is.518)

Embora o profeta Jeremias seja apelidado "chorão", é Isaías que tem um grande número de ais em seu livro de profecias. Só neste capítulo são seis ocorrências deste lamento.

O texto citado é muito antigo e estima-se em 650 anos antes de Cristo sua origem. Vemos, entretanto, que a condição parece idêntica à de nossos dias, no tocante à vileza e maldade humanas.

Fala-nos de pessoas que puxam para si a iniquidade e o pecado pela via da injustiça e com cordas. Parece-nos absurdo que isso possa ser verdadeiro; mas, é. As pessoas faziam isso e ainda fazem.

Enquanto, como cristãos, buscamos combater o pecado e nos afastarmos dele, vemos que a sociedade vai, por via da injustiça e, mesmo pela via da justiça (lei), puxando para junto de si a iniquidade e o pecado. Vê-se que a decadência moral campeia solta, mesmo nos meios onde deveria ser esperada a ética e a moral, como na esfera dos nossos legisladores, com leis injustas e iníquas à luz dos padrões de conduta cristã.

Os meios eletrônicos de comunicação, cujo serviço é extraordinário na agilização do fornecimento da informação, vão sendo usados para fazer corromper a pureza de muitos, inclusive crianças, atirando-as na arena da libidinosidade e sensualidade indevida. As pessoas estão puxando para si a iniquidade, trazendo para junto de si ou para dentro de suas vidas e lares o pecado.

O padrão de conduta de vida em relação ao sexo oposto, com liberdades inadequadas e impróprias, para quem se diz cristão, praticando excessos de contato e intimidade, assimilando e reproduzindo o comportamento de impudicícia reinante em nossa sociedade e cultura, vai se tornando admissível e comum.

Em nossos dias o lamento de Isaías se faz ouvir em relação às ruas de nossas cidades. Mas, a pergunta é: seria também ouvido em relação à vivência dos que estão dentro de nossas igrejas e se chamam cristãos ? Tenha Deus misericórdia e que sejamos livres desse ai proferido pelo profeta Isaías, não puxando para nós iniquidade.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 8 de novembro de 2009

AI (5)

ANO LXVII - Domingo, 08 de novembro de 2009 - Nº 3341

"Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice até alta noite" (Isaías, 5:11)

O capítulo cinco do livro de Isaías nos apresenta uma série considerável de ais. São dirigidos ao povo de Israel que se havia afastado do Senhor, e seria levado em cativeiro caso não se arrependesse; o que, de fato, aconteceu.

Este lamento que temos aqui destacado, como os demais, é muitíssimo atual ao nos falar deste mal chamado alcoolismo. Isaías diz que esta condição de embriaguez gerava uma situação de miséria e decadência, embora houvesse música e dança ao redor, acompanhando o uso da bebida. As conseqüências foram trágicas para aquela nação.

As pessoas que se tornam dependentes do álcool (e outras drogas) tornam-se alvo de nossos ais, pois perdem seu senso de responsabilidade, tornam-se violentas ou apáticas e incapazes de desenvolver seu trabalho. Geram desgosto para a família e vergonha para os de sua casa. É muito comum vermos vidas arrasadas por causa deste vício (e outros) socialmente aceito e incentivado.

A Bíblia não fala de forma proibitiva com relação ao uso de bebida alcoólica, mas adverte para os riscos existentes e presentes em seu uso. Os pais devem ter o cuidado com relação ao consumo de tais bebidas, sobretudo quando os filhos são crianças e adolescentes, devido ao exemplo a ser legado a eles. Há denominações evangélicas (protestantes) onde se faz uso de bebida em suas festas e nas dependências de seu lugar de culto (Congregação Cristã no Brasil, luteranas, e algumas reformadas).

Evitemos estes modelos e não assumamos os riscos de nos tornarmos objeto para este tipo de ai pronunciado pelo profeta Isaías. Sigamos a diretriz do apóstolo Paulo:"vivei neste mundo, sóbria , justa e piedosamente" .(Tito, 2:12).

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 1 de novembro de 2009

REFORMA RELIGIOSA DO SÉCULO XVI

ANO LXVII - Domingo, 01 de novembro de 2009 - Nº 3340

REFORMA RELIGIOSA DO SÉCULO XVI

No dia 31 de outubro relembra-se o movimento reformista religioso do cristianismo, ocorrido no ano de 1517, com seu início na Alemanha e capitaneado pelo monge católico-romano Martinho Lutero.

Sua proposta de debate foi o modo comum de se discutir algum assunto dentro da esfera acadêmica, ou seja, afixando as teses a serem tratadas em um lugar público e convidando para o debate. Assim fez, ao afixar suas 95 teses contrárias à venda de indulgências (perdão pleno dos pecados) efetivada por outro clérigo romano (Tetzel), a mando da Cúria Romana, para levantar fundos com vistas ao término da Basílica de São Pedro em Roma.

Contra esse processo mercadejante da salvação, Lutero assumiu posição firme. Sua postura chegou até ao Papa Leão X que, a princípio, julgou tratar-se de "querela de monges". Questões políticas, econômicas e culturais foram também agregadas ao filão religioso da Reforma Protestante. O movimento cresce, toma proporções avantajadas. O Papa lança a bula de excomunhão de Lutero (Exsurge Domini – Levanta-te Senhor), afirmando que "um javali selvagem havia invadido a vinha do Senhor".

O movimento se intensifica. Lutero tem proteção política e militar de príncipes alemães. A onda extrapola as fronteiras alemãs e se espalha pela Europa. Cidades aderem às propostas de reforma. Grupos novos e com propostas um pouco diferentes das de Lutero surgem (zuinglianos- Suiça). Tornava-se difícil sufocar este movimento e seu crescimento.

A Igreja Romana lança (1525) a Contra-Reforma, no intuito de barrar tal desenvolvimento, criando dispositivos de perseguição, investigação e eliminação de indícios de protestantismo, visando estancar o avanço da Reforma nos países onde já se instalara e impedir que chegasse aos que ainda não haviam sido influenciados. Logra êxito, em parte, com tais medidas, mas o movimento não para de crescer. No entanto, diminui seu ritmo e começa a acomodar-se.

Entre estruturação e despertamentos a Reforma se firmou e acabou por espalhar seus princípios e postulados por várias partes do mundo, por meio do movimento missionário moderno, do que, nós evangélicos-protestantes brasileiros, somos fruto.

A Reforma não acabou, somos seus continuadores, pois "Igreja Reformada, sempre reformando".

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 25 de outubro de 2009

AI (4)

ANO LXVII - Domingo, 25 de outubro de 2009 - Nº 3339

"Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo..." (Isaías 5:8)

Isaías não é o profeta chorão, apelido dado a Jeremias, mas traz alguns ais em seu livro de profecias. Neste texto citado, seu lamento é sobre aqueles que vão ajuntando casa a casa, terreno a terreno para a composição de um patrimônio imenso e inigualável.

Digno de nota é o fato de que tal afirmação foi feita 650 anos antes de Cristo. Parece ser algo dos nossos dias, quando adverte aqueles que querem ver-se como únicos donos de tudo e, por conseguinte, de todos. São os latifundiários que querem agregar às suas terras, já absurdamente destendidas, mais terras ainda e formarem seu pequeno império pessoal. São os especuladores imobiliários que anseiam por adquirir imóveis e mais imóveis, para tornarem-se barões do aluguel.

Quando trazemos este conceito para a esfera internacional, vemos serem dignos deste mesmo ai aqueles países (chamados potências) que vão "engolindo" os demais. São conquistadores- colonizadores, mas, de fato, escravizadores. Julgam-se superiores e portadores da cultura redentora destes povos que vão sendo abocanhados e, por vezes, massacrados. Ai dos que assim fazem.

A cobiça, a ganância, o desejo incontido, a concupiscência são motivadores deste projeto de ajuntar casa a casa, terreno a terreno. Nossa economia de "livre mercado" e livre oportunidade, acaba por ensejar que haja mais desigualdade, e empurra o Estado a socorrer aos que vão sendo diminuídos em suas oportunidades. O Estado terá que construir moradias para estes, providenciar terras, etc. Fará isso com os tributos que saem de nosso bolso, de nosso trabalho.

Tiago nos diz que os tumultos, revoltas e guerras vem de nossos próprios membros, que se encontram tomados pelo prazer e cobiça, levando a invejar e matar. Assim, vemos que Isaías estava certo ao dizer: "Ai desses...". Deus tenha misericórdia.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 18 de outubro de 2009

AI (3)

ANO LXVII - Domingo, 18 de outubro de 2009 - Nº 3338

"...ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá que o levante". (Ec. 4:10)

Há medos e temores que assolam a mente e o coração humanos. São circunstâncias, fatos e ocasiões que nos fazem estremecer, quando pensamos nelas. Um destes grandes temores é, sem dúvida, a solidão.

O escritor de Eclesiastes fala sobre isto e afirma a infelicidade e tristeza do que está só. Ele tece alguns paralelos entre o que tem a solidariedade e companhia, e aquele que é desprovido de ambas. Lamenta, profundamente, a situação deste último.

Sua atenção se volta para o desalento daquele que não pode contar com ninguém para dar-lhe a mão, não tem quem lhe possa apoiar e, pior, levantá-lo ao cair. A solidão é aflitiva, e nosso mundo vai caminhando para o estabelecimento cada vez mais acentuado da condição de solidão. As pessoas vão ficando mais e mais mergulhadas na solitude. Podem até não ser solitários, mas estão sofrendo a angústia da solidão.

Vamos ouvindo mais e mais: "Eu saio, me divirto, brinco, jogo, mas ao retornar para casa vem a angústia, pois ainda estou e continuo só". Pessoas choram nestas condições tristes de existência. Plantaram isso? Não sei. Mas, estão sós.

Feliz aquele(a) que tem a Cristo como companheiro e amigo, com quem poder falar, diante de quem pode chorar e ser consolado(a) e, sobretudo, ser assistido e levantado. "Eis que estou contigo todos os dias..." (Mt. 28:20).

No entanto, as pessoas precisam de companhia humana, por isso, nós cristãos, devemos procurar oferecer nosso apoio e companhia aos que estão sozinhos e solitários, seja em suas casas, instituições de amparo, hospitais ou outros. Não ouçamos, nem permitamos que seja ouvido: "ai deste(a) que está só".

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 11 de outubro de 2009

AI (2)

ANO LXVII - Domingo, 11 de outubro de 2009 - Nº 3337

"Para quem são os ais...?" (Pv.23:29).

O livro de provérbios é de uma expressão prática e vivencial surpreendente. Sua forma simples e direta nos coloca diante de situações de nossa vivência diária, mesmo ainda hoje no século XXI.

O autor faz uma indagação sobre a destinação de muitos "ais" que são proferidos e pergunta para quem são eles. Na sequência do texto temos a resposta: para aqueles que se deixam levar pelo vinho e pela "bebida misturada". Descreverá a embriaguez com modos bem sugestivos, falando da insensibilidade, da falta de moral, de alucinações e outras manifestações. Por fim diz: "quando despertar, voltarei a beber"(v. 35). Ai, triste sina.

Pode-se aplicar o texto não só à falta de medida e de continência em relação à bebida, mas a toda falta de moderação e domínio em relação às coisas legítimas e boas. Aqueles que acabam sendo cativados e escravizados por estas práticas (bebedeira, vícios, etc) são o alvo destes ais do autor do texto sagrado. São passíveis de pena, dó e comiseração.

A sequência descrita pelo escritor é forte e cadenciada em um ajuntamento de males e desditas: pesares, rixas , queixas, feridas sem causa, olhos vermelhos. Os que têm vivido estes dramas e lutas, sejam em si mesmos ou com pessoas próximas, compreendem muito bem o sentido destes "ais", deste lamento, deste choro, deste pranto, pois os tem experimentado.

Graças a Deus que tem libertado destes grilhões terríveis os que se achegam a Ele. Bendito seja o Senhor que tem transformado estes "ais" em aleluias.

Não seja destinação desses "ais" descritos nesta passagem. Que em Cristo Jesus não mais lhe sejam direcionadas tais lamentações, mas palavras de alegria e júbilo, como: louvado seja o Nome do Senhor.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 4 de outubro de 2009

AI

ANO LXVII - Domingo, 04 de outubro de 2009 - Nº 3336

AI

Quem dentre nós (crianças, adolescentes, jovens ou adultos) nunca pronunciou esta palavra (interjeição) seja de dor ou de advertência. Esta palavra faz parte de nosso vocabulário, pelo simples fato de que a dor é elemento da experiência humana.

Pode ser apenas um pequeno machucado do joelho esfolado em um tombo infantil, que nos faça dizer "ai", ou uma tragédia que se abata sobre nós (em nós ou em alguém amado por nós e de nossa família), fazendo-nos lançar ao ar, com extravasamento, um grito de "ai", ou mesmo um clamor sufocado e lancinante. De uma forma ou de outra, já dissemos este "ai", que expressa nossa dor.

Esta é a primeira de uma série de meditações (devocionais) sobre muitos dos "ais" que encontramos nas Escrituras Sagradas. A exemplo dos outros textos de nosso boletim, sua contemporaneidade se fará ver, posto que as experiências retratadas na Bíblia são, também, as experiências de todos nós. Veremos que os "ais" colocados no Livro Santo são de advertência ou de expressão de dor, que tantas vezes são manifestos por nós em nossa individualidade ou mesmo na manifestação solidária e coletiva.

O propósito será, não a ênfase meramente no "ai", mas a graça e o privilégio que temos, como cristãos, de superar estes "ais", seguirmos em frente e compormos nossa vida de acordo com a dimensão e diretriz do Senhor, que nos conforta, consola e alenta em todos os "ais" de nossa existência, por mais aflitivos e terríveis que sejam.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 27 de setembro de 2009

OS CAMPOS, AS FLORES E OS FRUTOS

ANO LXVII - Domingo, 27 de setembro de 2009 - Nº 3335

OS CAMPOS, AS FLORES E OS FRUTOS

A primavera chegou! Esta estação é marcada pela chegada das flores que embelezam os jardins e os campos ao redor.

Gostaria de aproveitar estes primeiros dias da primavera de 2009 para compartilhar com a Igreja, minha viagem ao Estado de Pernambuco, região onde a IPVM está empenhada em plantar novas igrejas.

"Os campos" missionários que pude visitar são lugares muito carentes da Mensagem do Evangelho. Cidades pobres, com algumas ruas calçadas e com uma praça no centro onde as pessoas passeiam e fazem as suas procissões. As casas são basicamente iguais e coladas umas nas outras. Jumentos e outros animais marcam presença no dia a dia destas pessoas que precisam ser alcançadas pelo evangelho de Jesus.

"As flores" que quero destacar, são os missionários e alunos do Instituto Bíblico do Norte que estão naqueles Campos levando o bom perfume de Cristo. Pude encontrar ali, rapazes e moças desejosos de serem plantadores de Igrejas pelo Brasil a fora. Também pude orar com casais destemidos que com seu talento e vigor se esforçam para trazerem crianças e adultos aos caminhos do Senhor. Debaixo da batuta do Rev. Mariano Alves Júnior – missionário de nossa igreja que é incansável nas viagens de apoio aos Campos e em Projetos Sociais – Seminaristas e Missionários têm encarado o desafio de ser como flores exalando perfume naqueles rincões da Pátria Brasileira.

"Os frutos" deste trabalho missionário, em parceria, também pude ver. Preguei em uma Conferência Missionária, no sábado à noite, dia 12/09, com a presença de caravanas de todos os Campos onde investimos nosso apoio. É óbvio, que ainda há muito por fazer, mas os missionários seguem firmes em seu labor confiados que "quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes" (Sl. 126: 6).

Voltei afônico, mas meu coração cantava. Estava exausto, mas glorificava ao Senhor por saber que faço parte de uma igreja que se preocupa em semear a "boa semente".

Parabéns Igreja Presbiteriana de Vila Mariana!

Parabéns Conselho Missionário!

E, parabéns a você que contribui com generosidade para que Cristo seja conhecido em todos os lugares.

Rev. Cornélio Caldeira Castro

domingo, 13 de setembro de 2009

BEM-AVENTURADO (40)

ANO LXVII - Domingo, 13 de setembro de 2009 - Nº 3333

"Bem-aventurados aqueles que lavam suas vestiduras [no sangue do Cordeiro]..."(Ap.22:14) .

Esta é a última bem-aventurança desta série de 40 que escrevemos em nosso boletim. É, também, a última que encontramos nas Escrituras Sagradas cristãs. Penso que não poderia ser texto mais sugestivo a encerrar esta sequência de mensagens pastorais. Não se vai tratar de aspectos técnicos e manuscritológicos quanto ao texto, porque o lugar e o espaço não são apropriados. Contemplemos e louvemos a Deus pelo que vemos escrito, que é certo e verdadeiro.

Pode parecer difícil, em uma linguagem não simbólica e não mística, entender o que está dito. Pois como se pode estar lavado, se o agente de lavagem é o sangue. O que ali for lavado ficará menos limpo, ou mais manchado. No entanto, trata-se de linguagem religiosa e própria do cristianismo. Devemos nos lembrar que a diretriz bíblica é que "a vida está no sangue" (Lv.17:11) e "o sangue é a vida"(Dt.12: 23), fazendo-nos entender que lavar no sangue é lavar na vida, ou seja, ser purificado(a) por meio da vida do Cordeiro. É a vida de Jesus em nós, que nos faz sermos purificados e limpos de nossos pecados e iniquidades.

O que assim é purificado, desfruta destes privilégios: direito a usufruir da árvore da vida e entrar pelas portas na cidade santa. Claro que esta Árvore da Vida (nos lembra o Gênesis) é o próprio Senhor Jesus de quem nos alimentaremos (espiritualmente) para todo o sempre, vivendo Sua vida e santidade. Quanto ao entrar na cidade pelas portas, não significa que se possa entrar pela janela ou de outro modo (jeitinho brasileiro). O sentido é de ser aberta e poder entrar, não ficar de fora, excluído e exposto às trevas e males; "fechou-se a porta"(Mt.25: 10), como a arca de Noé que teve sua porta fechada pelo próprio Deus e ninguém mais entrou.

Bem-aventurados e felizes somos nós, que temos lavado nossos pecados no sacrifício de Jesus, o Cordeiro, pelo que temos direito a esta Árvore da Vida e poderemos entrar na cidade santa, a Jerusalém Celestial, pelas portas abertas pela graça e misericórdia do Senhor nosso Deus. A nós só nos resta dizer com humildade e gratidão: Louvado seja o Senhor por tão grande salvação.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 6 de setembro de 2009

BEM-AVENTURADO (39)

ANO LXVII - Domingo, 06 de setembro de 2009 - Nº 3332

"Bem-aventurado os que têm parte na primeira ressurreição." (Ap. 20:6)

O livro do Apocalípse (ou livro das Revelações) é abundante no uso dos símbolos e linguagem figurativa, levando muitos a interpretação ou concepção diferente do que se tem no texto examinado. O tema da escatologia, bastante complexo e com interpretações variadas em alguns assuntos, quando tratado no Apocalípse gera entendimentos diferentes, bem como acalorados debates entre os estudiosos do referido livro e do tema citado.

Deixando estes aspectos controvertidos e conflituosos de lado, pode-se perceber que é privilégio e bênção tomar parte na primeira ressureição. Não importa se o autor do texto acima referido esteja a falar da ressureição em Cristo (nova vida; novo nascimento) ou se fala daqueles que participam do grupo que primeiro ressuscitará no dia do arrebatamento; de acordo com interpretações mileniais (pré, pós ou amilenista).

O importante é saber que de um ou outro modo, seja em qualquer concepção milenialista, a bem-aventuranç a é fato por fazer-nos livres do poder da segunda morte, ou seja, a condenação eterna ao sofrimento, ao inferno.

Louvado seja Deus por essa garantia que temos mediante nossa ressurreição em Cristo, desfrutamos da certeza e convicção da vida eterna com o Senhor, livres deste poder de condenação e sofrimento eternos. Além disso, é glorioso saber que, em Cristo, nós reinaremos ou reinamos com Ele, visto que com Ele ressuscitamos ou ressuscitaremos (participamos de Sua ressurreição), na condição de sarcedotes reais, desfrutando, assim, deste privilégio maravilhoso, e que nada, nem ninguém, pode nos tirar. Por isso, não se preocupe tanto com o que é alvo de discussão (teorias do milênio), mas desfrute e alegre-se naquilo que é certo e consolador: livres da segunda morte ou da condenação.

Deus seja louvado.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 30 de agosto de 2009

BEM-AVENTURADO (38)

ANO LXVII - Domingo, 30 de agosto de 2009 - Nº 3331

"Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor..." (Ap.14:13)

A morte é bem-aventurança? À primeira vista poder-se-ia dizer que sim. No entanto, a morte em si mesma não é bem-aventurança, antes é condenação pela desobediência consciente a Deus operada pelos nossos primeiros pais no Éden, portanto, maldição.

A fé em Cristo Jesus, faz com que este elemento de maldição seja transformado em elemento de bênção ou glória plena e eterna. O texto, em sua sequência nos fala de como se pode tornar a maldição em bênção: "os que morrem no Senhor".

Morrer no Senhor, não pode ser confundido com uma manifestação bélica de defesa de algum lugar, como nas Cruzadas ou ocasiões semelhantes. Nestes casos, pode-se admitir que se trate de "morrer pelo Senhor", ainda que também isto seja duvidoso. O sentido de morrer no Senhor, liga-se àquele que tem sua convicção e fé em Cristo Jesus como seu único e suficiente salvador, e deixa esta existência (morre) sob esta segurança e certeza.

Duas justificativas são dadas para que se possa ver a morte como bem-aventurança para os que morrem no Senhor. Primeira "para que descansem de suas fadigas". A vida cristã envolve lutas e embates, mesmo na esfera terrena com enfermidades, ansiedades, feridas, perseguições e coisas semelhantes. No céu, as lágrimas serão enxugadas, o luto será superado, o pranto extinto e a enfermidade desaparecerá. Nunca mais fadiga, cansaço, esgotamento ou abatimento. Segunda "suas obras os acompanham". Nossas obras não são agentes de nossa salvação, mas irão conosco, nos acompanharão e serão elementos de premiação diante do Senhor. Jesus disse que nada do que fizermos a um "destes pequeninos" que crêem nEle, ficará sem recompensa, mesmo que seja um copo de água fria. (Mt.10:40-42) .

Somos bem-aventurados porque descansaremos de nossas lutas e fadigas, e porque receberemos a recompensa por nossas obras que nos seguem.

Amigo leitor, pense e reflita sobre isto. Viva como bem-aventurado em Cristo, para poder morrer como bem-aventurado no Senhor.

Rev. Paulo Audebert Delage

sábado, 29 de agosto de 2009

BEM-AVENTURADO (37)

ANO LXVII - Domingo, 23 de agosto de 2009 - Nº 3330

"Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação..."(Tg. 1:12)

Em primeiro momento, este texto parece encontrar-se em contraposição a ondas e marés que estão atingindo nosso povo. Digo isto porque a mensagem presente na passagem apresentada é de bem-aventurança em suportar a provação.

Vemos, em primeiro lugar, o fato de haver provação e não ser pequena ou sem força. Pressão séria e contrária ao nosso modo tranquilo e sereno de viver. Instabilidade, risco, angústia e outras manifestações que refletem PROVAÇÃO.

A seguir, pode-se perceber que Tiago fala de suportar. O sentido é de aguentar, de sustentar o peso. Não se trata de dar suporte, mas de submeter-se (estar sob) a alguma coisa. Há um evento, uma ocorrência, uma situação que está sobre nós e exercendo peso tremendo. Não é fácil suportar. O que se ouve hoje em dia é que não temos que suportar, mas decretar a inexistência da provação, do problema, da luta, da dor, etc. Suportar a provação, dizem, é sinônimo de falta de fé.

Pode-se ver ainda o ensino sobre perseverar nesta situação. Não se trata apenas de suportar, pelo fato de não ter outro modo, mas de ser perseverante, ou seja, permanecer na situação de fidelidade ao Senhor. Perseverar sem abandonar a fé e a confiança no Senhor, que cuida de nós, que nos ama, que nos ampara, que nos assiste sem dormir ou cochilar.

Por fim, a recompensa ao que, sendo bem-aventurado, persevera na provação. A recepção da coroa da vida, o marco maior da vitória. Não é a perseverança que lhe dá isto, pois tal coroa é fruto da graça e não de obras. Mas, a perseverança é a demonstração de que tal pessoa estava selada pelo Senhor e nEle sempre estava apoiada, para suportar a provação, mesmo que tenha nela sucumbido, como tantos servos e servas do Senhor (mártires ou não) na vida da Igreja de Cristo. Continue, persevere, pois é possível lançar sobre Ele nossa ansiedade, visto que Ele cuida de nós (I Pe.5:7).

Louvado seja o Senhor.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 9 de agosto de 2009

150 ANOS DE IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

ANO LXVII - Domingo, 09 de agosto de 2009 - Nº 3328

150 ANOS DE IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

No próximo dia 12 comemoraremos 150 anos de presença presbiteriana em solo brasileiro. Esta data é a da chegada do primeiro missionário presbiteriano no Brasil, Rev. Ashbel Green Simonton, vindo dos EUA.

Sua vida no Brasil foi breve, mas intensa. Chegou solteiro e sem conhecer a língua e costumes da nova terra, já que nunca viera ao Brasil antes. Os desafios eram enormes. Começa com algumas aulas de inglês e Escola Bíblica em língua inglesa.

Tempos difíceis. Mas, não desanima; segue firme em seu propósito de plantar aqui uma Igreja Reformada e pregar o Evangelho para a redenção do Brasil. Foi um período, como disse, curto, mas intenso e de lutas; com tristezas, alegrias risos e lágrimas. Sua esposa morre em decorrência de complicações no parto. A filha Helen será criada por familiares. É um duro golpe em Simonton. Mas, sua outra filha a Igreja Presbiteriana do Brasil vai tomando forma e cresce sadia. Faleceu Simontom vitimado pela febre amarela.

Ao final de sua vida terrena em 1867 Simonton deixou cinco igrejas organizadas, um presbitério constituído, um jornal em funcionamento, um seminário teológico em atividade e pastores ordenados e por ordenar a garantirem a continuidade de seu trabalho. A Igreja Presbiteriana no Brasil fincara raízes e já não feneceria mais.

Somos, hoje, herdeiros desta história bela e de lutas contra a intolerância, o obscurantismo e intransigência dominantes no Brasil daqueles dias e ainda hoje. Negar esta herança é desconsiderar o exemplo destes homens e mulheres que fizeram a história da IPB, a custo de muito esforço e zelo, não tendo "como preciosa sua própria vida".

Honremos este (de Simonton) exemplo e de tantos outros que lançaram esta "boa semente" neste solo brasileiro.

Graças a Deus por estes 150 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil.

domingo, 19 de julho de 2009

BEM-AVENTURADO (33)

ANO LXVII - Domingo, 19 de julho de 2009 - Nº 3325

"Bem-aventurado os que não viram e creram..." (João 20:29)

Como, às vezes, uma afirmação estulta pode gerar benefício. Tomé, em sua desconfiança, diz: "Se eu não vir e não tocar, não crerei" (João 20:25). Referia-se à experiência da ressurreição física de Jesus. Esta sua "bendita" incredulidade nos leva à garantia do fato da ressurreição, posto que ele, embora discípulo do Senhor, não esperava ser verdade tal fato. Além disto, a exemplo de muitos que, ainda hoje, repetem esta frase, não percebe sua incongruência, pois uma vez que vejo ou toco, não preciso crer.

A fé é este elemento que nos leva a caminhar sem ter a visão física, pois se virmos fica destituída a função da fé. Moisés já não precisava crer na existência de Deus, ele O vira. Sua fé ligava-se ao teor de Suas promessas e palavras, não mais da existência de seu Ser. Isaías não precisava mais crer em anjos, uma vez que os viu e tendo-os visto, já não há lugar para a fé em sua existência, há certeza do fato.

Esta bem-aventurança é tão importante para nós no contexto de nossa existência atual, por nos fazer continuar andando na dependência de nossa relação espiritual com o Senhor e não de nossos olhos ou sentidos. Eu preciso não ver, para crer.

Quando pensamos naquilo que não haverá no céu, imediatamente nos vem à mente: dor, choro, doença, lágrima, pecado, morte, etc. Mas, jamais nos damos conta de que não haverá nem esperança , nem fé. Por quê? Porque a esperança se concretizou e a fé se tornou vista. Não preciso mais esperar pois já alcancei, não preciso mais crer porque vejo.

Nunca vi Jesus, mas creio nEle como meu salvador e Senhor. Nunca vi o céu, mas continuo crendo que ele existe. Jamais vi um anjo ou um demônio, mas creio na existência de ambos.

Com humildade admito que, pela graça de Deus, estou entre os bem-aventurados que não viram e creram. Esteja entre os que assim vivem na mesma dimensão do apóstolo Paulo: "visto que andamos por fé e não pelo que vemos" (2 Co.5:7). Aleluia.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 28 de junho de 2009

BEM-AVENTURADO (30)

ANO LXVII - Domingo, 28 de junho de 2009 - Nº 3322

"Bem-aventurado aqueles servos...vigilantes" (Lc,12:37 e 43).

Vigilância. Esta palavra está muito presente em nossos dias, sobretudo, no ambiente de São Paulo. O motivo desta presença tão significativa se dá devido à insegurança, violência e risco existentes.

Jesus fala aos seus discípulos sobre a necessidade de estarem vigilantes (acordados) e atentos como um servo dedicado em relação a seu senhor ao esperá-lo em sua volta à casa.

Esta atitude de constante vigilância e prontidão deve-se a alguns fatores. Vejamos:

a) Não sabemos o tempo (momento) da volta do Senhor. Isto é elemento suficiente para nos deixar em constante postura de vigilância e espera, sem estarmos adormecidos ou displicentes quanto a este momento tão glorioso, para não sermos pegos de surpresa e sem o devido preparo.

b) Não sabemos o momento de nossa partida. Esta outra incógnita nos impõe a constante vigilância , pois não há como sabermos o dia em que deixaremos esta vida para o encontro com o eterno. Assim, mister se faz o preparo com base na vigilância.

c) A constância da ação satânica sobre a nossa vida é outro motivo. Se nosso Deus "não cochila e nem dorme", também os demônios não o fazem. Suas astutas ciladas são postas constantemente diante de nós e em nossos caminhos, suas setas inflamadas e dardos incendiários não cessam de ser lançados sobre nós. É preciso, portanto, vigilância para não sermos alvos destes ataques ou colhidos nestas armadilhas.

"Vigiai e orai" é a palavra de Jesus a nós, Sua Igreja. A certeza e garantia de nossa salvação por e em Cristo , não nos isenta da vigilância, pois "o Diabo nosso adversário anda em derredor procurando quem possa devorar"( I Pe.5:8).

A recompensa encontra-se também demonstrada no texto: "participaremos da ceia do Senhor em Seu Reino", estando com Ele à mesa e sendo por Ele servido (v.37).

Aleluia.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 21 de junho de 2009

BOLETIM DOMINICAL - Nº 3321

ANO LXVII - Domingo, 21 de junho de 2009 - Nº 3321

"Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos." Atos 2:47b

Hoje é dia de festa na IPVM! Festa espiritual! Vinte e cinco irmãos e irmãs serão recebidos como membros comungantes desta Igreja, por meio da pública profissão de fé e do batismo. Destes, alguns confirmarão a aliança do batismo que receberam na infância. Os demais, além de manifestarem publicamente sua resposta de fé ao amor e à graça de Deus revelados em Jesus Cristo, submeter-se-ão, nesta mesma ocasião, ao batismo. Quanto a nós, devemos acolhê-los com toda a alegria e cercá-los da nossa atenção e das nossas orações.

Porém, esse feliz acontecimento na vida de nossa Igreja deve também, à luz do texto bíblico acima, fazer-nos lembrar de algumas importantes verdades: 1) É o Senhor que promove o crescimento da Sua Igreja. Só Jesus pode abrir os olhos dos cegos, destapar os ouvidos dos surdos e dar vida aos mortos, e deste modo acrescentar pessoas à Igreja. 2) Ele faz isso não uma vez ou outra, esporadicamente, mas, de modo contínuo, diário. 3) Ele não acrescenta pessoas à Igreja sem salvá-las, nem as salva sem acrescentá-las à Igreja. A salvação e a filiação à Igreja caminham juntas. Ao nos comprometermos com Cristo mediante nossa profissão de fé e batismo, comprometemo-nos também com o Corpo de Cristo, sua Igreja.

Sim, irmãos, Deus age e está agindo em nosso meio, assim como agiu no passado. Notemos, entretanto, em que contexto se dá a ação divina de acrescentar vidas à Igreja. O texto diz: "enquanto isso". Mas, "enquanto isso", o quê? Os versículos anteriores (Atos 2:42-47a) respondem: Enquanto a Igreja perseverava " na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações...", "acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos". Ou seja, enquanto a Igreja dedica-se ao estudo sério da Palavra de Deus, ao cultivo e à manifestação prática da comunhão entre seus membros, e à adoração alegre e reverente a Deus, o Senhor age, acrescentando vidas à mesma.

Possa a IPVM, agora fortalecida e abençoada com a chegada desses novos irmãos e irmãs, continuar crescendo em número e em espiritualidade, em quantidade e qualidade, tudo para a glória do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo, e para a edificação da Sua Igreja aqui neste bairro e nesta cidade.

Rev. José Roberto Silveira

domingo, 14 de junho de 2009

BEM-AVENTURADO (29)

ANO LXVII - Domingo, 14 de junho de 2009 - Nº 3320

"Bem-aventurado os vossos olhos porque vêem..."(Mt.13: 16)
"Bem-aventurado os que não viram e creram..."(Joã o 20:29)

Ao lançar os olhos sobre estes dois textos, pode-se ficar confuso e imaginar que há uma contradição inerente e mesmo explícita. No entanto, as duas situações são, igualmente, manifestações geradoras de bemaventurança.

Claro que cada uma em seu contexto.

Na primeira passagem Jesus fala do grande privilégio que seus servos tinham de poder vê-Lo e ouvi-Lo, em contraste com os profetas do Antigo Testamento que, apesar do desejo e expectativa, não puderam desfrutar de igual graça ou privilégio. Assim, é claro que aqueles que estavam ao lado de Jesus eram bem-aventurados (ditosos, felissíssimos) pelo fato de usufruírem desta alta honraria de ver e ouvir o Senhor do universo.

Na passagem escrita por João, trata-se de outro sentido. Vê-se que Tomé havia afirmado que só creria na ressurreição de Jesus se viesse a colocar seu dedo nas feridas de Jesus. Se não O visse e não O apalpasse, não creria. Era o teste empírico e sensorial na dimensão do que se diz: se não vejo, não toco, não sinto; não creio que exista ou seja verdade. Neste ambiente é que se tem o pronunciamento de Jesus. Desse modo somos mais bem-aventurados que os próprios apóstolos e discípulos de Jesus que O viram e andaram com Ele; isto porque nós cremos sem termos visto ou mesmo ouvido. Os que viam e ouviam Jesus, não precisavam crer em sua existência, mas precisavam crer que Ele era quem dizia ser. Nós cremos que Ele haja existido, que é quem disse ser e que realizou o que realizou com alcance eterno.

Assim, ver se torna uma bem-aventurança, mas não ver, torna-se uma bem-aventurança ainda maior. Na expressão do apóstolo Paulo: "...andamos por fé e não pelo que vemos" (2 Co.,5:7).

Bendito seja o Senhor que nos tem levado à experiência da fé, sem a necessidade da vista, pois se vemos não necessitamos crer.

Glória ao Senhor.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 7 de junho de 2009

BEM-AVENTURADO (28)

ANO LXVII - Domingo, 07 de junho de 2009 - Nº 3319

"Bem-aventurado aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Lc.7:23)

Retomamos nossas meditações sobre o uso nas Escrituras da expressão bem-aventurado, realçando sua aplicação amplíssima, oportuna e desafiadora a nós cristãos ainda hoje.

Para melhor compreensão deste texto , é necessário saber que se usa a palavra "skandalistê" , cujo sentido literal está ligado a escandalizar. Assim, Jesus declara quanto à felicidade daquele que não encontra nEle motivo de escândalo. Claro, o escândalo levará ao tropeço, daí o risco.

Como alguém pode se escandalizar com Jesus? Ele escandalizou (e escandaliza) muitas pessoas. Há os que se escandalizam por Ele ter falado e convivido com prostitutas, cobradores de impostos, impuros e adúlteros, ainda que não lhes apoiasse os pecados, levando-os ao arrependimento. Este é outro motivo de escândalo para muitos; a capacidade de perdão de Jesus. Há os que se escandalizam por ele perdoar àqueles que socialmente destruíram vidas inocentes. O perdão do ladrão na cruz não é bem vindo entre nós, o perdão de Saulo , perseguidor e matador de cristãos, não nos é agradável, e isto deixamos claro, quando nos escandalizamos com a possibilidade de "Fernandinhos e Marcolas" se arrependerem e receberem a salvação em Cristo. Nos escandalizamos porque, desse jeito, é muito fácil a salvação e não pode estar certo.

As atitudes de Jesus escandalizaram e escandalizam a muitos quando não contemporiza com os vendilhões no templo e os espanca com chicote; tampouco aceitam a postura rude, grosseira e descortês de Jesus ao usar termos como "hipócritas", "raça de víboras", "sepulcros caiados", ao destituir a arrogância vã e futil da religiosidade da aparência e da negativa da autêntica piedade, dizendo que estavam indo para o inferno (pregador impopular).

Bem-aventurado aquele que não encontra em Jesus motivo de escândalo e tropeço; O vê e O aceita como Ele é, sendo Quem é e fazendo o que faz, salvando pecadores arrependidos (seja quem for) e condenando impenitentes e religiosos vazios e hipócritas, carregados de suas falsas virtudes e pseudos méritos.

Seja Ele, para nós, não "pedra de tropeço" (escândalo), mas "de passagem", a fim de sermos chamados , por sua graça, bem-aventurados.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 31 de maio de 2009

A IGREJA...CRESCIA EM NÚMERO

ANO LXVII - Domingo, 31 de maio de 2009 - Nº 3318

"A Igreja...crescia em número" ( Atos, 9:31 )

Este registro nos fala sobre os primeiros tempos da Igreja Cristã ainda na região de Israel ou palestina. Sua forma verbal pode nos levar ao entendimento equivocado de cessação ou interrupção de crescimento, uma vez que lemos "crescia". Poder-se-ia perguntar: "Não cresce mais?". A resposta é; não. O crescimento continuava e a Igreja iria expandir suas fronteiras para além dos limites geográficos da Palestina e para além das demarcações etnicas dos judeus. O testemunho seria dado em Jesrusalém, Samaria e confins da terra.

Claro que este crescer em número é fruto da graça e bondade soberanas do Senhor, mas tais manifestações ligam-se ao exercício desenvolvido pela Igreja e registrado neste verso da Escritura; edificação, compromisso com temor do Senhor e dependência do conforto (ânimo) do Espírito Santo. Se havia segredo, era este.

Nestes 67 anos de existência da IPVM ela tem crescido (não apenas crescia). Quando vemos o registro de suas atas iniciais e vemos agora suas dimensões, patrimônio, róis e, sobretudo, sua pujança e atividade, entendemos que se aplica a ela este texto de Atos dos Apóstolos, retratando o fato de seu desenvolvimento, para a glória do Senhor.

O crescimento é também numérico, ou seja, agregação e recepção de pessoas seja por adesão (conversão), por filiação (filhos professos) ou por transferência. A IPVM tem participado, igualmente, deste desenvolvimento, recebendo pessoas por profissão de fé e pelo batismo, sendo que no próximo mês receberemos 21 pessoas por estes modos. Louvado seja o Senhor por esta faceta de nossa igreja, pois o Senhor tem acrescentado "dia a dia os que hão de ser salvos". (Atos, 2:47).

Neste 67º aniversário da IPVM é tempo de agradecermos a Deus o fato de que temos, por Sua graça, experimentado, como a Igreja Primitiva, este privilégio de crescer também em número.

A Deus toda a glória.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 24 de maio de 2009

À SENHORA ELEITA E AOS SEUS FILHOS

ANO LXVII - Domingo, 24 de maio de 2009 - Nº 3317

"... à senhora eleita e aos seus filhos..." ( I João, 1 )

Ao lermos este texto parece-nos estranho esta designação por parte de João. No entanto, o velho discípulo, já perto de seus 90 anos de idade, escreve esta carta e chama a igreja de "senhora com seus filhos".

Muito se tem discutido sobre esta expressão joanina, quanto ao fato de referir-se à uma senhora literal, ou seja, uma mulher e seus filhos a quem João se dirige. Mas, o entendimento predominante é de que se trata de uma figura para referir-se, de fato, à igreja local e seus membros.

Não é comum que pensemos na igreja sob esta ótica, isto é, uma senhora e seus filhos. Daí ser desafiador a nós analisarmos este texto nesta perspectiva e aplicá-lo a nós como Igreja Presbiteriana de Vila Mariana.

Primeiro vemos o adjetivo ou qualificativo dado por João a tal comunidade; eleita. Não é apenas mais uma ou qualquer uma, é a eleita. Este é um motivo de gratidão profunda ao Senhor por ser ela Sua eleita . Isto a torna alvo do cuidado especial de Deus e a coloca sob a ação separadora e seletiva do próprio eleitor (Deus) em relação a outros grupos humanos. Que privilégio tem a igreja em ser assim chamada. Notem que ele não se refere à Igreja (Comunidade e Comunhão dos santos), mas a uma igreja local, goegraficamente e administrativamente estabelecida. Que glória, que privilégio, que responsabilidade.

Na sequência podemos ver o apóstolo acentuar o fato de sua fertilidade, ou não esterilidade, já que fala de seus filhos (eleitos com ela). A senhora é chamada e capacitada por seu Senhor a gerar filhos. Graças a Deus porque a IPVM tem alcançado este propósito, com centenas e centenas de filhos. O conselho examinará 26 pessoas com vistas à profissão de fé e profissão de fé e batismo. São os filhos da "senhora eleita". Neste sentido algumas filhas (hoje já senhoras como a mãe) foram trazidas à luz (Saúde, Butantã, Morumbi, Higienópolis e outras) e outras estão em formação (Ipiranga, Moema , Itapeva), além de outras distantes geograficamente nos sertões do Brasil.

Esta "senhora eleita" (IPVM) tem cumprido seu trabalho e promovido o Reino de Deus e espalhado a boa semente do Evangelho de Jesus Cristo. Agradeçamos a Deus não apenas por sermos eleita, mas também por termos sido fertil até aqui, ao mesmo tempo oremos para que continuemos gerando filhos para a glória do Senhor.

Rv. Paulo Audebert Delage

domingo, 17 de maio de 2009

MEMBROS FUNDADORES DA IPVM

ANO LXVI - Domingo, 17 de maio de 2009 - Nº 3316

MEMBROS FUNDADORES DA IPVM

Consta na Ata da 1ª Reunião da Comissão designada para organizar a Igreja de Vila Mariana, realizada às 21 horas do dia 30 de maio de 1942, presentes os seguintes membros da referida Comissão: Rev. Miguel Rizzo Junior, relator, Rev. Amantino Adorno Vassão e Presbítero Sr. Warwick Kerr (ausente o Presb. Sr. José de Oliveira), que resolveu-se fazer a reunião "ad-referendum" duma reunião regular na qual tomem parte todos os membros da Comissão.

Os trabalhos foram abertos com oração dirigida pelo Rev. Miguel Rizzo Junior e foi eleito secretário o Rev. Amantino Adorno Vassão. Registrou-se também a presença do Rev. Jorge Goulart, que "tem estado à frente da Congregação e será seu pastor após a organização da Igreja, conforme resolução do Presbitério".

Foram recebidas as cartas de transferência dos seguintes crentes, vindos da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo, que constituirão a nova Igreja: Oswaldo Augusto Schrmeister, Eça Pires de Mesquita, Domingos Avoleta, Elesbão Ferreira de Abreu, Gabriel Issa, Gustavo Guilherme Welkis, José Timotheo Borges, Arsênio Scarpioni, Luiz Menossi, Albano Rubim, Alberto Luiz Pitta, Baldomero Wey Garcia, Uriel Garcia, Honório Goulart, Rosa Andretta Menossi, Zoraide Mesquita, Maria Helena Pitta, Helena Jahnell Pitta, Antonieta Mesquita Garcia, Christina Goulart, Christina Bassi, Luzia Bassi, Esther Alves Correa, Helia Helena Welkis, Helena Borges, Maria Jahnell Borges, Julieta Jahnell de Faria, Maria Gomes Ferreira, Maria Marques Minoso, Francisca Longo Barbosa, Amy Meirwether, Aristides de Mesquita, Camilo Ashcar, Cataldo Amorese, Cornélio Amorese, Dalila Pinto de Souza, Dulcinea Sene Mesquita, Evangelina Toledo Amorese, Ida Knoll Mesquita, Irahy Rodrigues de Lara, Isaac de Mesquita, Isaac de Mesquita Junior, Ismênia Saul Siqueira, Ítalo Brasil Portieri, Luiza Jahnell, Lydia Amorese, Manoel Bolero ..., Maria Cândida Pires de Mesquita, Maria de Mesquita, Mary Meriwether, Polybio de Mesquita, Rodolpho Dunit Maluhy, Ruth Meriwether Portieri, Sebastião de Faria, Vicente Barbosa de Oliveira.

Foram recebidas por Profissão de Fé na mesma ocasião, tendo sido batizados na infância: Zilda S. Fiore, Diva Sene, Kéziah Sene Azevedo

Foram recebidos por jurisdição, na mesma ocasião: Zilda Pinto de Souza, Benedicto Quaglio, Maria do Carmo dos Santos Flud, Gustavo Welkis, Elisa Chiavato Avoletta.

"Com o rol formado pelos crentes acima, resolveu a Comissão organizar, de acordo com a Constituição, A Igreja Cristã Presbiteriana de Vila Mariana". "Resolveu a Comissão reunir-se novamente no dia 31 de maio, às 10 horas e 30 minutos, para a solenidade de organização da Igreja e eleição de oficiais, devendo ainda reunir-se às 20 horas do mesmo dia para a instalação solene dos oficiais referidos". "Confiou a Comissão a elaboração do histórico da Igreja ao Rev. Jorge Goulart."

domingo, 10 de maio de 2009

DIA DAS MÃES

ANO LXVI - Domingo, 10 de maio de 2009 - Nº 3315

DIA DAS MÃES

"Mãe... são três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o céu tem três letras
E nelas cabem o infinito

Para louvar a nossa mãe,
Todo bem que se disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer.

Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do céu
E apenas menor que Deus." Mário Quintana

Datas ligadas ao Dia das mães:

Século XVII na Inglaterra: Quarto domingo da Quaresma dedicado às mães operárias.

1905: Nos EUA Anna Jarvis (filha de pastor) perde sua mãe. As colegas para ajudá-la promovem uma festa em memória de sua mãe. Ela deseja estender esta homenagem a todas as demais.

Em 26 de maio de 1910, o governador da Virgínia Ocidental (EUA) oficializa o Dia das Mães no calendário daquele Estado, graças ao empenho de Anna.

Em 1914 o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, unifica e institui a comemoração oficial do dia das mães no 2º domingo de maio.

EM 1923, DEVIDO À COMERCIALIZAÇÃO E DESVIO DO PROPÓSITO, A PRÓPRIA ANNA ENTRA COM UM PROCESSO PARA CANCELAR O DIA DAS MÃES. NÃO OBTÉM SUCESSO.

Em 1948 Anna morreu, aos 84 anos, sem ter sido mãe.

No Brasil a Associação Cristã de Moços celebra em 12 de maio de 1918 este dia pela primeira vez.

Em 1932 Getúlio Vargas oficializa o 2º domingo de maio para esta comemoração.

Em 1947 Dom Jaime B. Câmara determina que seja integrada esta celebração ao calendário oficial da Igreja Católica Romana no Brasil. (Fonte (entre outras) Portal da Família)

Não nos deixemos tomar pelo espírito mercantilista a vulgarizar data tão significativa. Nossas mães merecem, não apenas hoje, mas todos os dias nosso respeito, carinho e consideração.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 3 de maio de 2009

NOSSA HISTÓRIA

ANO LXVI - Domingo, 03 de maio de 2009 - Nº 3314

NOSSA HISTÓRIA

(Ata de Organização da IPVM)

"Ata nº 3 – 31 de maio de 1942.

Às 19 horas e 55 minutos do dia 31 de maio, numa das salas anexas ao salão de cultos da Igreja Cristã Presbiteriana de Vila Mariana, à Rua Vergueiro, 2407 (mesmo local das reuniões anteriores), reuniu-se a Comissão, presentes todos os seus membros: Rvs. Miguel Rizzo Júnior e Amantino Adorno Vassão e presbíteros Srs. Warvick Kerr e José de Oliveira. Os trabalhos foram abertos com oração dirigida pelo Rev. Miguel Rizzo Júnior. Foram lidas, digo, foi lida e aprovada a ata número 1, de 30 de maio. Submetidos os passos já dados à apreciação da Comissão, ora completa, foram os mesmos homologados. Passou-se ao culto público, sendo ordenados: o Presbítero Sr. Cataldo ... e os Diáconos Srs. Polybio Mesquita, Baldomero Wey Garcia e Vicente Barboza de Oliveira; sendo então, instalados estes e os Presbíteros Srs. Honório Goulart e Isaac de Mesquita (anteriormente ordenados nas igrejas de onde vieram). Foi, então, solenemente empossado no pastorado da Igreja, conforme resolução do presbitério, o Rev. Jorge Goulart. Pregou o Rev. Miguel Rizzo Júnior baseado no versículo 39 do 1º capítulo do Evangelho de João, a respeito do seguinte tema: "Horas Decisivas", tendo o Rev. Amantino Adorno Vassão dirigido a parênese aos novos oficiais. Registrou-se a presença de representantes da congregação presbiterial do Jardim América e da chamada Igreja do Rev. Benedicto Hioth. Nada mais havendo a tratar, o Rev. Miguel Rizzo Júniro avisou que, oportunamente convocará nova reunião para ultimar os trabalhos, sendo a reunião encerrada às 21 horas e 45 minutos com oração dirigida pelo Rev. Miguel Rizzo Júnior. E eu, secretário, lavrei esta que assino. Amantino Adorno Vassão."

Trata-se da ata da instalação dos oficiais e do pastor da IPVM em sua organização. É importante recordarmos e agradecer a Deus a vida daqueles que já passaram por aqui e fincaram as raízes fortes e profundas de uma igreja de fé cristã reformada e presbiteriana. Neste 67º ano de organização, louvemos ao Senhor pela existência de nossa querida IPVM e pela vida daqueles que têm feito parte desta bela e vibrante história: eles e nós.

domingo, 26 de abril de 2009

BEM-AVENTURADO (27)

ANO LXVI - Domingo, 26 de abril de 2009 - Nº 3313

"Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça..." (Mt.5:10)

Esta não parece ser uma bem-aventurança que se possa chamar de bem-aventurança, pois nela está envolvida a ideia de sofrimento e aflição. Em nossos dias encontra-se em baixa a ideia do sofrer, mesmo por causa de Cristo.

Esta declaração do Senhor Jesus não se prende a todo e qualquer tipo de perseguição. Trata-se de perseguição por causa da justiça, ou seja, da sustentação da justiça contra toda forma de opressão, desmandos e desigualdades sociais que brutalizam o ser humano, ou que o desconsideram na sua condição de pessoa (sujeito de direitos e obrigações), na dimensão do Reino de Deus.

Deve-se notar que o conceito de justiça fica atrelado à sequência da fala de Jesus, na qual se vê que a perseguição ocorre por causa dEle. Assim, não se trata de manifestação subjetiva de conceito de justiça, mas da justiça de Cristo, firmada nos valores do Reino que Ele tem estabelecido.

Os instrumentos da perseguição são a calúnia, injúria, mentira, falseamento da verdade e outros deste mesmo conteúdo. Trata-se de atribuir a nós aquilo que não é verdadeiro. Acusados indevidamente de delitos e males ocorridos, para os quais não se deu causa. Ao longo da história isto tem se verificado com a Igreja de Cristo, acusada injustamente de desastres naturais ou de conflitos sociais.

Muitas vezes estas perseguições geram o sacrifício da vida dos fiéis. Neste sentido temos a promessa de que destes é o Reino de Deus. Claro que não é a perseguição que lhes dá o Reino, mas o Reino está garantido àqueles que, por causa da justiça em nome de Jesus, são perseguidos.

Pensamos que perseguição é coisa do passado, ou apenas em "terras comunistas". Ainda hoje, ela existe e está se tornando cada vez mais intensa e evidente. A intransigência religiosa vai se manifestando e os cristãos vão se tornando alvo deste avanço de intolerância.

Desejamos e pedimos a perseguição? Não. Mas, caso ela venha, devemos estar preparados e enfrentá-la na dependência de Cristo, sabendo que somos bem-aventurados e herdeiros do Reino de Deus.

Seja sempre abundante sobre nós a graça do Senhor.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 19 de abril de 2009

BEM-AVENTURADO (26)

ANO LXVI - Domingo, 19 de abril de 2009 - Nº 3312

"Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus" (Mt.5:9)

Esta belíssima coleção de bem-aventuranças apresentada por Jesus neste seu sermão, nos apresenta esta preciosidade sobre o grande anseio de nós, seres humanos, a paz.

Deve-se observar que o Senhor usou uma palavra bastante expressiva e com significado bastante específico, ou seja, pacificador. No grego aparece um tipo de composição nesta palavra com a ideia de "fazer", "praticar". Assim, temos, como no português, a ideia não de pacifista , como aquele que não briga, não luta, não batalha; cujo sentido está ligado mais à passividade; mas, de pacificador, isto é, aquele que é gerador da paz, fazedor da paz.

Somos levados a pensar que se formos pacifistas, já é grande mérito ou virtude. Isto é, de fato, verdade. Mas, o desafio colocado por Jesus é muito mais profundo ao nos conduzir à ingente tarefa de pacificar.

Este conceito é amplo e envolve toda sorte de conflitos e litígios. Claro está que devemos ser, sobretudo, promovedores da paz dos seres humanos com Deus. Isto se dá mediante o Evangelho de Cristo com o ministério da reconciliação (II Co. 5: 18-20). Devemos ser promovedores da paz com o nosso próximo visto que "a paz de Cristo" deve ser o "árbitro" em nossos corações (Cl.3:15). O conflito estabelece muros, barreiras, valas. Devemos promover a ponte da reconciliação e fazer a paz.

O resultado deste exercício de "praticar" a paz, nos leva a sermos chamados "filhos de Deus". Que privilégio. Esta é uma colocação que nos faz semelhantes a Cristo (Filho de Deus) por ser Ele o promovedor da paz. É de Sua natureza criar a paz , eliminando as rusgas e conflitos. Ser considerado filho de Deus, é posição gloriosa .

Termino com uma questão inquietante a todos nós: Posso ser chamado filho de Deus por ser fazedor da paz?

Seja o Senhor misericordioso para conosco e nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 12 de abril de 2009

BEM-AVENTURADO (25)

ANO LXVI - Domingo, 12 de abril de 2009 - Nº 3311

"Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mt.5:8)

Retomamos os artigos sobre bem-aventurança e voltamos ao Sermão do Monte, onde o Senhor Jesus alinha (segundo Mateus) 09 beatitudes e seus resultados.

A interioridade é posta, mais uma vez no ensino de Jesus, em contraste com a exterioridade. A ênfase dos religiosos judeus nos dias de Jesus era quanto aos aspectos exteriores e visíveis. O Senhor muda o foco de atenção, fazendo-o migrar para o íntimo, para o coração.

As figuras de linguagem (tão comuns no modo oriental de falar) nos levam a perguntar: Como se pode limpar ou purificar o coração? Como se pode "ver" a Deus, que é "puro espírito" e que, como tal, não tem corpo ou matéria? As respostas não são tão complexas, já que o Senhor Jesus não falava sobre o órgão do corpo humano, mas do espírito ou da alma. Assim, pode-se entender que fala daquele cujo espírito está e é limpo ou puro. Mas, quem pode estar nesta condição? A resposta é: aquele(a) que tem feito sua decisão a favor de Cristo em sua morte, recebendo-O como seu salvador e senhor. Este(a) que assim faz, tem recebido o perdão de seus pecados, agentes da sujidade presente no coração humano. De fato, o perdão de nossos pecados, por meio de Jesus e Seu sangue derramado, faz com que nosso coração seja tornado puro e limpo. Esta tarefa só pode ser realizada por Cristo e por mais ninguém, Nem por mim nem por você mesmo.

A purificação do coração traz a habilitação para se poder "ver" a Deus. É a promessa, é o resultado. Este é, no entanto, outro termo que pode gerar alguma dificuldade de entendimento. Primeiro porque todos verão a Deus no Tribunal do Grande Juízo e não apenas os puros de coração, já que o comparecimento é pessoal e individual e estaremos "face a face" com o Senhor. Segundo porque "ver" a Deus (divindade em Sua essência) é algo que foge ao nosso sentido físico da visão. Assim, "ver" não significa enxergar, mas estar na presença de, conviver com. Dessarte, aquele cujo espírito (ser) já foi purificado (perdoado) quanto aos seus pecados, está apto para habitar ou estar na presença (viver) de Deus, que se relaciona conosco na mediação do Filho, que é a essência divina tornada carne e, de fato, visível. Assim, no céu os servos "contemplarão a Sua face (do Cordeiro) e nas suas frontes está o nome dEle" (Ap.22:3-4).

Graças a Ele, porque podemos vê-LO.

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 5 de abril de 2009

SIMPLICIDADE X OSTENTAÇÃO

ANO LXVI - Domingo, 05 de abril de 2009 - Nº 3310

SIMPLICIDADE X OSTENTAÇÃO

Quando lemos a Bíblia vemos um contraste claro e flagrante entre o ritual cúltico do Antigo e do Novo Testamentos. Aquele com seus cerimoniais complexos, vários sacrifícios, formas minuciosas de ofertas, paramentos, abluções e outros elementos de pompa e ostentação para enaltecer, com o visual, Àquele que se reverenciava. Este, por sua vez, se despoja de paramentos, incensos, sacrifícios, rituais complexos e institui a simplicidade e a singeleza (quase pobreza visual ritualística) : derramar água (ou imergir) o batizando e o "partir do pão" (beber do cálice e comer do pão). Apenas isto. Mas, era pobreza em demasia, era despojamento em excesso, era simplicidade em exagero. A competição se tornaria desigual se comparado o cristianismo com as outras religiões de rituais pomposos e templos suntuosos. O cristianismo perde sua singeleza e simplicidade, passando a trocar o interior pelo exterior, o coração pelos olhos, o íntimo pelo externo.

Até o terceiro século o cristianismo era religião sem templo físico (o templo era a Igreja – indivíduos e comunidade), mas com força e pujança transformadoras. A Igreja passará, posteriormente, a ser o templo. Mas, e as outras religiões? A comparação se impõe. A simplicidade é sacrificada no altar da suntuosidade, em nome da promoção do valor de nossa fé e da grandeza do Deus que servimos. É preciso ter templos e que não sejam inferiores aos dos "deuses pagãos", então passa-se a construir grandes e suntuosos templos (catedrais) que "falem" da glória de nosso Deus. Volta-se ao "modus vivendi" da Velha Aliança, do Velho Pacto, do Antigo Testamento. Templo, sacerdote, altar, sacrifício, vítima. Mas, tudo com muita pompa e circunstância. Da simplicidade à magnitude e ao esplendor, era o desafio dos cristãos. Da ostentação e pompa à simplicidade foi o desafio de Jesus, o Cristo, aos seus discípulos e, mais do que nunca, continua sendo.

Quando são lidas as páginas do Novo Testamento, sobretudo após os evangelhos, vê-se que o cristianismo é uma religião rica de mistérios teológicos, rica em solidariedade, rica em identificação com o simples; mas pobre em ritos e cerimônias pomposos. Não há registro de "calendário litúrgico", de "ciclo de celebrações". Há apenas a celebração da alegria com singeleza de coração e simplicidade de elementos (Atos, 2:46), pois celebra-se a festa "não com o Velho Fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia; e , sim, com os asmos da sinceridade e da verdade" (I Coríntios, 5:8).

Pensemos, reflitamos e discutamos este tema ou esta questão e indaguemos de nós mesmos : qual o desafio do cristianismo; ostentação ou simplicidade?

Rev. Paulo Audebert Delage

domingo, 29 de março de 2009

ELEIÇÕES DE OFICIAIS

ANO LXVI - Domingo, 29 de março de 2009 - Nº 3309

ELEIÇÕES DE OFICIAIS

O texto a seguir é extraído do "Manual do Oficial" da Igreja Presbiteriana de Pinheiros aplicado aos seus oficiais. Depois de exposição dos ofícios, base bíblica de cada um, exigências e características quanto aos oficiais, temos, ao final, o "Questionário de Ordenação", que passamos a reproduzir.

O "Questionário de Ordenação" abrange três áreas em que os candidatos deverão mostrar proficiência: (1) Conhecimento Bíblico (2) Símbolos de Fé da IPB- Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Menor (3) Governo, liturgia e disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil.

1) Conhecimento Bíblico:
.A ordem dos 66 livros da Bíblia
.Divisões do Antigo e Novo Testamentos
.Autores dos livros da Bíblia
.Esboço da cronologia bíblica (dos patriarcas aos apóstolos)
.Esboço da Vida de Jesus
.Identificar alguns personagens da Bíblia.

2) Símbolos de Fé da Igreja (Doutrina)
.O candidato deve expor resumidamente a doutrina acompanhada de sua base bíblica.
.Inspiração e autoridade bíblica.
.Revelação, inspiração e iluminação.
.A Pessoa de Deus e a Trindade.
.Origem e natureza do homem.
.Pecado Original e Queda.
.Os decretos de Deus- eleição.
.A Doutrina do Pacto.
.Jesus: Pessoa e Obra.
.Salvação, Santificação e Glorificação.
.Espírito Santo: Pessoa e Obra.
.A Igreja: origem, natureza e missão.
.Os Sacramentos: Batismo e Santa Ceia.
.A Segunda Vinda de Cristo.
.Ressurreição e Juízo Final.
.Os Cinco Pontos do Calvinismo.

3) Governo, Disciplina e Liturgia.
.Origem do Presbiterianismo no mundo e no Brasil.
.Os Ofícios e Concílios da IPB.
.Assembléia da Igreja: tipos e competências.
.As faltas e penalidades do Código de Disciplina.
.A posição oficial da IPB sobre: divórcio, homossexualismo, ecumenismo, ordenação feminina e aborto.
.Os princípios litúrgicos da IPB sobre: o Dia do Senhor, tipos de culto, administração dos sacramentos, bênção matrimonial, funeral e ordenação de oficiais."
Há, ainda, um livro próprio em que o recém-ordenado ou instalado deverá assinar subscrevendo o "compromisso de bem e fielmente servir no ofício sagrado".

"Manual do Oficial". 1ª edição- abril de 2008. Igreja Presbiteriana de Pinheiros.

domingo, 22 de março de 2009

OS CUIDADOS DOS DIÁCONOS

ANO LXVI - Domingo, 22 de março de 2009 - Nº 3308

OS CUIDADOS DOS DIÁCONOS

1) Cuidado consigo mesmo – I Coríntios 6:19-20

Sua vida espiritual:
- Desenvolver uma vida de piedade, fé, santidade e oração;
- Leitura bíblica diária;
- Oração diária intensa pedindo sabedoria para o desempenho do ofício;
- Assiduidade aos trabalhos em geral onde terá informações sobre a sua ação na igreja.

Sua pessoa:
- Asseio em geral – roupa limpa e adequada, cabelos penteados, barba feita ou tratada, sapatos escovados e limpos, etc;
- Desenvolver uma personalidade alegre, positiva, deixando-se contagiar pela alegria da fé e da graça de Cristo. Ser otimista e positivo;
- Desenvolver uma boa auto-estima.

2) Cuidado com o seu ofício – I Timóteo 4:14
- Deve amar o que faz, para fazer com eficiência, excelência e zelo;
- Deve considerar o ofício do diaconato como um ministério importante, uma vocação, não uma função qualquer;
- Deve se sentir honrado em ser diácono;
- Como oficial da igreja, deve sentir no seu trabalho uma forma humana da manifestação da graça de Deus;
- Deve entender que tudo o que fizer em seu ofício, o fará por Cristo como Sua vontade;
- Desenvolver uma opinião favorável e positiva sobre esse ministério, almejando sempre aprimorar-se em atitudes e estratégias;
- Buscar cada vez mais conhecimentos para o bom desempenho das tarefas;
- Reconhecer-se carente do socorro de Cristo, e só nEle apoiar-se para o desempenho do seu trabalho.

Texto produzido pelo
Rev. Manuel Peres Sobrinho

domingo, 15 de março de 2009

DIÁCONOS

ANO LXVI - Domingo, 15 de março de 2009 - Nº 3307

DIÁCONOS

A Igreja está convocada, pelo conselho, para eleição de oficiais diáconos. Cumprindo o que determina nossa constituição eclesiástica, deve haver a instrução, não em quem votar, mas sobre a pessoa do diácono quanto a características que devem estar presentes em sua vida.

Temos três esferas a serem focadas: a bíblica, a constitucional e a local.

Na primeira temos as orientações, sobretudo de Paulo em I Tm. 3:8-13, e em Atos, 6: 1-7. Nestes textos vemos que as virtudes são de ordem pessoal, envolvendo, no entanto, as relações interpessoais e espirituais. O fator preponderante é o exercício do serviço, já que diaconia, significa precisamente serviço.

Na segunda temos diretrizes bem definidas: Artigo 53 e alíneas da Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil. "O diácono é o oficial eleito pela Igreja e ordenado pelo conselho, para, sob a supervisão deste, dedicar-se especialmente:

a) à arrecadação de ofertas para fins piedosos; b) ao cuidado dos pobres, doentes e inválidos; c) à manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino; d) ao exercício da fiscalização para que haja boa ordem na casa de Deus e suas dependências. " Temos ainda o que se requer como servo do Senhor, no artigo 55 da CIPB: "O presbítero e o diácono devem ser assíduos e pontuais no cumprimento de seus deveres, irrepreensíveis na moral, são na fé, prudentes no agir, discretos no falar e exemplos de santidade na vida." Para ser eleito diácono, deverá ser membro da Igreja, sendo que "o prazo é de um ano, salvo casos excepcionais, a juízo do conselho, quando se tratar de oficiais vindos de outra Igreja Presbiteriana" (CIP, artigo 13, par. 2°). Embora não sejam do texto constitucional, as decisões do Supremo Concílio de nossa Igreja, podem ser aqui colocadas. Em 2006 o Supremo Concílio decidiu que nenhum oficial pode ser maçom ativo, ou seja, integrar alguma loja maçônica.

Na terceira esfera há decisões do conselho que estabelece normas para o pleito. Ele não pode desconsiderar as anteriores, nem estabelecer regulamentação que conflite com as normas superiores. Assim, temos que na IPVM, para ser oficial (inclusive diácono) a pessoa deverá ser "contribuinte regular", posto que é dever de todo membro da Igreja:"c) sustentar a Igreja e suas instituições, moral e financeiramente" (CIPB; artigo 14, alínea c). Se o indicado não está inserido no cumprimento deste dever, não está qualificado para o oficialato.

Assim, os irmãos devem verificar se as pessoas indicadas estão dentro destas diretrizes. As que estiverem , serão conduzidas à decisão da Igreja quanto à eleição.

A Igreja está convocada para reunir-se dia 19 de abril às 09h15 em primeira convocação. Caso não haja quorum; em segunda convocação para o dia 26 de abril às 10h00.

Orem, indiquem e escolham.

Rev. Paulo Audebert Delage

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ARQUIVO DE ARTIGOS E PUBLICAÇÕES DA IPVM

Este arquivo contém parte da memória da IGREJA PRESBITERIANA DE VILA MARIANA publicada ao longo de vários anos em capas de boletins, encartes e outros meios, aos poucos resgatados e acessível a todos através deste blog.

SUGESTÕES DO CANTINHO CULTURAL

  • LIVRO: GOTAS DE AMOR PARA A ALMA. AUTOR: Rev. Hernandes D. Lopes. ASSUNTO: mensagens diárias para edificar sua vida, consolar-lhe o coração, fortalecer-lhe a fé. Não são textos de autoajuda, mas falam do auxílio divino.
  • LIVRO: TOQUE O MUNDO POR MEIO DA ORAÇÃO. AUTOR: Wesley L. Duewel. EDITORA: Hagnos. ASSUNTO: este livro sugere planos passo a passo para elaborar listas de oração, organizar círculos de oração e retiros de oração para os cristãos que tem a incumbência de orar pela salvação e bênçãos das pessoas.
  • LIVRO: TODO FILHO PRECISA DE UMA MÃE QUE ORA. AUTORES: Janet K. Grant e Fem Nichols. EDITORA: Hagnos. ASSUNTO: Uma mãe que ora pode ter um impacto tremendo na vida de seus filhos, este livro mostra como envolver e apoiar sua família através da oração persistente e eficaz. Você aprenderá a perseverar em oração e a usar a Bíblia para guiá-la nesta tarefa.