ANO LXIII - Domingo, 27 de novembro de 2005 - No 3135
OS MAGOS
Existem fatos na vida espiritual, que algumas pessoas percebem logo, outras não. Os magos de mui longe, lá no Oriente, souberam que Jesus havia nascido, e fizeram longa viagem para adorá-lo. Foram diretamente a Jerusalém, porque, sendo aquela cidade o centro da religião judaica, julgaram, muito naturalmente, que lá é que deviam encontrar-se com o menino que, segundo se acreditava, seria rei dos judeus. Mas, chegando à cidade, tiveram forte surpresa: ninguém sabia ali que Jesus nascera! Viviam de tal forma preocupados com outros assuntos e, espiritualmente, já se achavam tão obscurecidos que não tinham olhos para ver as realidades mais maravilhosas da vida: só pensavam em negócios, diversões e interesses próprios, tal qual como ainda hoje acontece em certos meios.
Os magos tiveram outra decepção: em vez de encontrarem um rei instalado em um rico palácio, depararam com uma criança pobre, em um estábulo. Tudo era muito estranho, mas assim mesmo, os magos viram em Jesus alguma coisa maravilhosa que os levou a reconhecer nele o rei que o mundo esperava.
As alegrias e as tristezas da vida dependem, em grande parte, do estado em que se acha nossa vida moral. O nascimento de Jesus perturbou Herodes e todos os habitantes de Jerusalém, mas afirma igualmente que os magos exultaram "com grande alegria".
Herodes perturbou-se porque, sendo homem terrivelmente mau, tinha receio de que outro rei surgisse com poderes para castigá-lo. O povo da cidade também se perturbou, porque as profecias afirmavam que Jesus julgaria os perversos.
Não aconteceu o mesmo com os magos. Levavam eles na alma o desejo nobre de adorar o menino Jesus e oferecer dádivas.
Certo menino sempre se alegrava quando o pai, voltando do trabalho, chegava à casa, à tarde. Isto acontecia não só porque ele gostava do pai, mas também porque este, muitas vezes, lhe dava presentes. Mas uma vez o menino praticou um ato reprovável e sabia que o pai havia de repreendê-lo. Nesse dia não ficou alegre com a chegada do pai. O mesmo encontro que, em outras ocasiões, lhe dava alegrias, agora fazia-o estremecer.
O melhor meio de apreciar bem a vida é viver em paz com a consciência. Quem não vive assim, só se impressiona com o lado sombrio e ameaçador da existência e, por isso, anda perseguido por toda sorte de temores.
Rev. Prof. Miguel Rizzo Jr.