ANO LXVII - Domingo, 13 de dezembro de 2009 - Nº 3346
"Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros..." (Isaías 6:5)
Dentre os ais existentes no livro do profeta Isaías, este é, provavelmente, o de caráter mais pessoal. Ele se vê e se reconhece como uma pessoa de lábios impuros e descortina qualquer obscuridade, remove toda máscara, ao dizer e assumir: "sou home de lábios impuros". A postura de "abrir o coração" e expor-se aos olhos dos outros traz sempre riscos. Como poderia o profeta ser uma pessoa assim? É chocante.
Todos nós temos os nossos ais na mesma dimensão do profeta Isaías, mas não nos arriscamos a fazê-lo publicamente, por temermos consequências de descrédito e desautorização ante à sociedade que nos cerca. É preciso temor do Senhor e muita contrição para assumir um ai como este de Isaías.
O profeta revela sua condição interior de pessoa pecadora e que fere a Deus com suas palavras e atitudes, assume essa faceta obscura do pecador, que todos nós temos, mas que muitas vezes preferimos ignorar. Nossa liturgia traz sempre esse momento de confissão, a fim de nos fazer lembrar quem somos, sobretudo, diante do Senhor. Não podemos deixar que tal momento em nosso culto se torne formal e mecânico, precisamos recuperar, ante a Face do Senhor, esta visão quanto ao oportuno "ai de mim" Estou perdido!".
Em nossa sociedade essa expressão do profeta já não encontra mais lugar, pois a maioria já não se vê pecadora e de lábios impuros. A falta da visão de Deus como sendo Quem Ele é, embota, à pessoa, a visão quanto a si própria em sua manifestação de vileza e pecado. Nada que nos tire de nosso conforto e bem estar é recebido com satisfação. O desconforte e o desprazer que tal visão traz às pessoas nesse tempo secularizado, vai impedindo, cada vez mais, que se vejam como pecadoras. Cada vez mais, na expressão de John Mac Arthur, é "uma sociedade sem pecado". Não que ele não exista nale, mas que ela mais e mais o desconsidera como realidade.
Assim, que bom e que felicidade podermos dizer como Isaías: "Aí de mim! Estou perdido!", porque somos condizidos pela mão do Senhor e por Ele resgatados e salvos do pecado que nos condena e nos leva à perdição.
Rev. Paulo Audebert Delage
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