ANO LXXIII - Domingo, 24 de abril de 2016 - Nº 3678
DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
Muitos, entre nós, pararam para assistir a votação relativa ao processo de impedimento da senhora presidente da República. Os pronunciamentos foram do hilário ao ameaçador, do jocoso ao sério, do descontraído ao tenso, do meritório ao “familiar”, do respeitoso ao ofensivo. Claro que nos indignamos com alguns (apologia à tortura) e ofensa covarde e desonrosa (com cusparada no rosto de alguém), mas o sentido predominante foi de estarrecimento e perplexidade. Dezenas e dezenas de “ilustres desconhecidos” que fazem e promulgam nossas leis. No entanto, em uma democracia representativa a “casa legislativa” deve representar ou refletir a própria essência da sociedade. Aí nosso horror se apresenta. Aquilo é nossa sociedade? Está, de fato, mais para retrato ou para caricatura?
Isso nos deve levar a refletir sobre a situação em que nos encontramos como nação política e uma república. Todos os que lá estão foram legitimamente eleitos pelo povo. Não se trata de competência por aprovação em concurso público, não se trata de mérito pessoal e desempenho por causa de “notório saber” capacitante para o exercício do mandato político. Trata-se da escolha do povo devido à simpatia ou identificação com aspectos pessoais ou oligárquicos (de grupos). São “representantes do povo”, mas um povo “setorizado”, sindicalizado, segmentado e com defesa de interesses de tais segmentos ou grupos. Daí vemos a fala “pelos corretores do Brasil”, pelos “aposentados”, pelos “militares”, pela “minha família”, pelos “isto” e pelos “aquilo”. Isto é um “ato falho” que aponta para o fato de não verem além de tal horizonte restrito de seus interesses. É lamentável, mas é o que temos, e o temos porque o escolhemos.
Outras eleições virão. Mudará alguma coisa? Talvez não. Mas, espero que sim. A necessidade de voto criterioso e consciente se faz necessária. Chega de “profissionalismo político”, que não passa de “fisiologismo pessoal”. Tal postura deve começar perto de nós na câmara de vereadores, na prefeitura e ascendendo para as esferas mais altas do poder e da pirâmide política. Precisamos orar com instância por esta Pátria (não apenas pedir misericórdia e viver duvidosamente) e clamar a Deus por mudanças, mas sermos agentes de tais mudanças com “temor e tremor”na dependência da graça de Deus e na escolha sensata e prudente de nossos legisladores e executivos.
Rev. Paulo Audebert Delage