ANO LXVII - Domingo, 14 de junho de 2009 - Nº 3320
"Bem-aventurado os vossos olhos porque vêem..."(Mt.13: 16)
"Bem-aventurado os que não viram e creram..."(Joã o 20:29)
Ao lançar os olhos sobre estes dois textos, pode-se ficar confuso e imaginar que há uma contradição inerente e mesmo explícita. No entanto, as duas situações são, igualmente, manifestações geradoras de bemaventurança.
Claro que cada uma em seu contexto.
Na primeira passagem Jesus fala do grande privilégio que seus servos tinham de poder vê-Lo e ouvi-Lo, em contraste com os profetas do Antigo Testamento que, apesar do desejo e expectativa, não puderam desfrutar de igual graça ou privilégio. Assim, é claro que aqueles que estavam ao lado de Jesus eram bem-aventurados (ditosos, felissíssimos) pelo fato de usufruírem desta alta honraria de ver e ouvir o Senhor do universo.
Na passagem escrita por João, trata-se de outro sentido. Vê-se que Tomé havia afirmado que só creria na ressurreição de Jesus se viesse a colocar seu dedo nas feridas de Jesus. Se não O visse e não O apalpasse, não creria. Era o teste empírico e sensorial na dimensão do que se diz: se não vejo, não toco, não sinto; não creio que exista ou seja verdade. Neste ambiente é que se tem o pronunciamento de Jesus. Desse modo somos mais bem-aventurados que os próprios apóstolos e discípulos de Jesus que O viram e andaram com Ele; isto porque nós cremos sem termos visto ou mesmo ouvido. Os que viam e ouviam Jesus, não precisavam crer em sua existência, mas precisavam crer que Ele era quem dizia ser. Nós cremos que Ele haja existido, que é quem disse ser e que realizou o que realizou com alcance eterno.
Assim, ver se torna uma bem-aventurança, mas não ver, torna-se uma bem-aventurança ainda maior. Na expressão do apóstolo Paulo: "...andamos por fé e não pelo que vemos" (2 Co.,5:7).
Bendito seja o Senhor que nos tem levado à experiência da fé, sem a necessidade da vista, pois se vemos não necessitamos crer.
Glória ao Senhor.
Rev. Paulo Audebert Delage
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