ANO LXXVI - Domingo, 28 de outubro de 2018 - Nº 3809
POLARIZAÇÃO
POLARIZAÇÃO
O ambiente da política (para quem viveu e pastoreou no interior de Minas Gerais) sempre traz certo clima de tensão com a polarização de posições, gerando situação de conflitos entre irmãos, os quais assumem suas trincheiras com toda paixão e passam a execrar o “outro lado”, deixando de perceber as falhas (erros) de seu aliado ou partido, e não reconhecendo as virtudes do seu adversário. Muitas vezes ao passar de alguns anos as posições são alteradas e adversários se tornam correligionários unindo-se “contra” um “inimigo comum” e o ciclo se repete.
O momento político no Brasil (na corrida presidencial) tem elevado esse ambiente de polarização a altos riscos. Claro que já vivenciamos isso em outros tempos de nossa política nacional. Mas, a proximidade estabelecida pelas redes sociais e de informação, aumentando exponencialmente sua velocidade em transmitir e receber, faz com que as polaridades se tornem exacerbadas e o derrame de notícias tendenciosas ou não verdadeiras gere um clima de esfacelamento nas relações dentro da família e da Igreja.
Devemos e podemos ter nossas preferências, tendências, opiniões e posições políticas. No entanto, não é possível admitir o juízo discriminatório ou a rotulação indevida sobre aquele que pensa de modo divergente do meu. É preciso entender que a divergência de inclinação política não deve ser fator para determinar a sinceridade da fé cristã de alguém. A polarização fará com que eu sempre diga: “quem apoia “a” não é cristão”, ou “o seguidor do “b” não tem como ser cristão”. Isso se dá pelo fato de esquecermos o ensino de Jesus ao nos dizer: “Com a medida com que medirdes, sereis medidos” (Mateus 7: 2).
Estamos no dia decisivo quanto à escolha do presidente do Brasil. Espero que, independentemente do resultado (seja o que eu desejava ou não), haja respeito em relação ao outro, cujo candidato não tenha alcançado a vitória. Teremos, mesmo que seja difícil a nós, a responsabilidade e o compromisso de orar por aquele que vier a ser o condutor do Executivo em nosso país, bem como pelos demais que estão investidos de autoridade, como nos é determinado nas Escrituras; embora devamos, como Igreja, permanecer com independência, sendo a consciência do Estado e levantando a voz “contra Cesar” sempre que ele desejar assumir o que seja de Deus.
Rev. Paulo Delage