ANO LXIV - Domingo, 25 de fevereiro de 2007 - Nº 3200
DIAS MAUS, TEMPOS DIFÍCEIS (2 Tm.3:1 )
Às vezes assalta-nos a dúvida: falar sobre o que já foi exaustivamente dito ou calar-nos? Os fatos ocorridos recentemente na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo a barbárie contra um menino arrastado pelas ruas, por vários quilômetros, amarrado ao cinto de segurança do carro de sua família que fora roubado, nos leva a pensar sobre nossa situação social hodierna.
Que fazer com todos os implicados nesta situação aziaga e deplorável? Àqueles que perpetraram tão nefanda ação, esperamos que sejam punidos devidamente pela Justiça, mesmo sabendo que as penas aplicadas não cobrirão os danos causados à família, nem tampouco farão retornar à vida a criança atingida, sem levar em conta que tais penas não serão cumpridas em sua integralidade pelos benefícios da legislação criminal, além do que o menor infrator (não criminoso) receberá, no máximo, 03 anos de “medida sócio-educativa” de restrição de liberdade.
À família, postamo-nos com total solidariedade, orando a fim de que haja consolação da parte de Deus sobre seus corações dilacerados por esta manifestação hedionda de violência contra seu pequeno filho.
Pela vítima direta, na dimensão de nossa fé e à luz de nossas Escrituras Sagradas, já não há nada que possamos fazer, a não ser descansar na esperança dos ditos de Jesus: “dos pequeninos é o Reino dos Céus”.
O texto de Paulo apontado acima já nos alertava sobre estes “tempos difíceis”. Temos consciência de que em tempos de antanho houve muita manifestação de violência, covardia e crueldade, não sendo isto prerrogativa apenas de nossos dias atuais. No entanto, parece-nos que tais manifestações vão se tornando cada vez mais comuns e mais bárbaras, fazendo com que ocorra a vulgarização da violência e bagatelização da vida humana, gerando em nós uma certa ambientação e conformação a tudo isto, levando-nos a considerar tais ocorrências com certo grau de “naturalidade” e acomodação. Se tivessem só assaltado, ou se quem morreu fosse adulto e tivesse levado um tiro ou uma facada... Já nos esquecemos do ônibus incendiado. Notícia passada.
Irmãos, os “dias são difíceis”, mas nós não podemos nos acomodar a isto, é mister nos posicionarmos em oração e em beligerância civil, a fim de vermos este quadro social gravíssimo ser alterado para melhor. Nossa responsabilidade como Igreja é imensa e não podemos nos furtar à liça. “Nossas armas não são carnais, mas poderosas em Deus para destruir fortalezas” (2Co 10:4), usemo-las, portanto, com autoridade e unção como combatentes nesta cruzada contra a violência e em prol da vida em nossos dias. Precisamos ser diferentes. Temos que fazer diferença.
Deus o (a) abençoe.
Rev. Paulo Audebert Delage