ANO LXXVI - Domingo, 11 de novembro de 2018 - Nº 3811
CONFIANÇA FRÁGIL
CONFIANÇA FRÁGIL
O ser humano parece ter uma necessidade de estabelecer algo em que confiar ou se apoiar para realização de suas expectativas e, assim, sentir-se seguro, tranquilo e confortável. Ocorre que nem sempre tais pontos de ancoragem e segurança são adequados ou apropriados, mostrando-se frágeis e vacilantes, gerando danos e males terríveis aos que neles se apoiam. O salmista adverte: “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito e eles voltam ao pó; neste mesmo dia todos os seus desígnios se desfazem” (Salmo 146:3-4).
Escrevo isso pelo fato de me preocupar o que estou começando a ver em relação ao quadro político brasileiro neste período pós-eleitoral com o posicionamento de muitos em relação à figura do presidente eleito. Em um culto, em determinada Igreja Batista, ao entrar no templo algumas pessoas começaram a gritar “mito, mito, mito”. A palavra aqui não tem conotação de mentira, mas de algo fora do natural, excedente à realidade terrena. Isso é muito preocupante visto que a visão mitológica pode gerar a ideia messiânica, e as consequências de messianismos na história da humanidade e do Brasil são graves e profundas.
Colocar as esperanças em uma pessoa (ou sistema) é um equívoco grave e de trágicas consequências como afirmou o salmista no texto citado acima. Eles não são os salvadores e não têm salvação. Devem ser vistos como agentes (ou instrumentos) pelos quais a ação de Deus possa se manifestar trazendo livramento e salvação, mas não eles. Jair Bolsonaro não é “salvador da Pátria” como indivíduo que enfeixa nele toda a solução para as mazelas de nosso País. Ele não tem “varinha de condão”, nem é detentor da “pedra filosofal”, nem, tampouco possui “lâmpada mágica”. Vê-lo assim (mito) é repetir o erro de muitos no passado (distante e recente) de nosso Brasil, seja com Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas, Juscelino, Jânio, Lula ou qualquer outro “mito” ou “messias”.
Devemos colocar a pessoa do presidente diante de Deus em oração, bem como dos demais que estão em exercício de autoridade (inclusive a oposição), para que possamos, mercê de Deus, experimentar dias de paz e melhoria na vida de todos nós, com menos corrupção, mais justiça social, educação, segurança e saúde. Sigamos os passos do salmista que nos ensina: “Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos no Nome do Senhor nosso Deus. Eles se encurvam e caem; nós, porém, nos levantamos e nos mantemos de pé.” (Salmo 20: 7-8). Aleluia.
Rev. Paulo Audebert Delage
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