O SONO DE DEUS

ANO LXXIV - Domingo, 08 de janeiro de 2017 - Nº 3715

O SONO DE DEUS
“Desperta! Por que dormes Senhor? Desperta.” (Salmo 44:23)

Se a frase escrita acima estivesse em um livro produzido por um ateu, agnóstico ou descrente nós entenderíamos ser um absurdo, sendo ele fruto da falta de percepção sobre o Ser de Deus, Sua existência e ação para com os seres humanos e o universo. Porém, nos soa mais absurdo ainda pelo fato de ser produto da pena de um escritor bíblico, de um homem inspirado pelo Espírito Santo e movido pelo próprio Senhor.

Tal texto faz um contraste marcante com outro trecho do mesmo livro dos salmos, agora o salmo 121, verso 4 que afirma: “É certo que não dormita e nem dorme o Guarda de Israel”. Que contradição flagrante de textos bíblicos. Será? Não ocorre contradição no sentido dos textos apresentados. As situações e circunstâncias são diferentes e distintas, daí a necessidade de examinarmos cada um deles em seu próprio contexto, evitando o erro da precipitação em entendimento equivocado do que nos trazem. O fato é que Deus, o Senhor e Rei do universo, não dorme, nem tampouco dormita; portanto, não pode despertar. Então como entender?

O salmista, no salmo 44, está vivenciando situação aflitiva e de profunda angústia e anseia ver a manifestação libertadora de Deus em relação à sua vida e de seu povo. No entanto, o Senhor não enviava tal livramento, mantinha-se em sua manifestação de ensino pelo sofrimento a Israel. Era como se Deus não ouvisse a voz súplice e o clamor angustiado dos seus servos e filhos. O Senhor não estava e nem está dormindo, ao contrário está desperto e bem atento a tudo que se passa conosco. Ele conhece nosso pesar e sofrer, e vem a nós como e quando Lhe apraz. Não nos entregará à nossa própria sorte e aflição, deixando-nos abandonados e orfanados. Talvez não se manifeste do modo pelo qual imaginávamos que devesse fazer; não agindo como entendemos que deveria agir a nosso favor, como no caso de Jesus, Seu Filho, na cruz. Mas, Ele não está surdo, inerte ou adormecido, mas pronto a receber nosso espírito, o qual depositamos em Suas mãos e, assim, nos dar consolo e paz que necessitamos. “É certo que não dormita e nem dorme o Guarda de Israel”. Aleluia.

Rev. Paulo Audebert Delage