ANO LXXIII - Domingo, 10 de abril de 2016 - Nº 3676
NÓS E ELES
NÓS E ELES
Polarização. Parece-me que esta palavra traduz com adequação a situação para a qual estamos sendo “empurrados”, sobretudo, pelos dirigentes do Poder Executivo de nosso Brasil. O discurso vai se mostrando cada vez mais binário e maniqueísta, com estruturação de tentativa clara de divisionismo no país, buscando impor uma situação de “nós e eles”. É lamentável que a chefe (chefa?) de tal Poder republicano esteja à frente desta situação e em seus discursos acentue tal ponto de interesse, esquecendo-se de não haver (para ela como presidente) “nós e eles”, mas apenas brasileiros, seja lá qual for a posição que tenham, a ideologia que adotem ou preferência que demonstrem.
Esta forma de se expressar parece ser fruto da ação do cidadão Luiz Inácio (ex-presidente da República) que, é claro, com seu inegável carisma e capacidade de mobilização popular e explorando o momento delicado do País, estabeleceu esta “dicotomia sócio-ideológica” para insuflar (incendiar é a expressão dele) os ânimos e acirrar as posturas, alcunhando a muitos de “coxinhas” (seja lá o que isso signifique), motivando a reação com a alcunha dos “mortadelas”. Tal quadro é deplorável, como se vai percebendo dentro do escopo da chamada política institucional do Brasil.
Pergunto eu: faço parte do “nós” ou do “eles”? Vou sendo conduzido (constrangido) a ver sobre mim a imposição de perder a perspectiva de ser, como todos, apenas brasileiro e não um cidadão rotulado. Querem impor e determinar, com utilização indevida de lugares (palácio do governo) e uso funcional do cargo (falar na condição de presidente ou ministro para manifestar aspectos e posições pessoais), a mim e aos brasileiros todos, esta ideia nefasta de divisão e confronto, perdendo a perspectiva do direito (em uma democracia alardeada, mas não vivenciada) com relação ao fato da livre manifestação, expressão e discordância, ou seja, o direito de discordar e expressar tal opinião, sem ser, por isso, hostilizado.
Orar, vigiar é o que precisamos fazer, obedecendo ao preceito bíblico, mas não abrirmos mão de nosso direito de sermos brasileiros com direito a voz e respeito pelo posicionamento que tivermos. Isso é democracia. Deus tenha misericórdia de todos nós brasileiros.
Rev. Paulo Audebert Delage
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