ANO LXIX - Domingo, 08 de Abril de 2012 - Nº 3467
VIA DOLOROSA
Este é o nome dado à trajetória percorrida por Jesus até o cume do Gólgota, ou lugar da Caveira (Calvário no latim), logo após seu julgamento. Ainda hoje é possível caminhar neste mesmo roteiro em Jerusalém. Este caminho desperta a atenção e interesse em milhares de peregrinos que vão à Cidade Santa. No entanto, o que se tem lá é uma rua de intenso comércio nos moldes de um mercado árabe. Não há nenhuma expressão de contrição, reverência ou religiosidade. Absoluta secularização.
Muitos cristãos têm perdido o senso de significado do que seja o tempo de páscoa. Vê-se muita secularização (como aconteceu com a Via Dolorosa), muita comercialização e muita distorção do sentido sagrado desta época tão particular e especial da Igreja Cristã.
Mesmo em atos que podem ser considerados como intentos de demonstração de temor a Deus, como abstinência de carne, ocorre um distanciamento do que seja a Páscoa. Neste tempo os judeus, inclusive Jesus, comiam carne de cordeiro. Determinar a abstinência de consumo de carne vermelha, nesta época, é desconhecer o que seja, de fato, a Páscoa. É perder o foco de seu sentido real e profundo.
Outra demonstração de afronta a esta data é a famosa "malhação de Judas". Não há, nas Escrituras e tradição primitiva da Igreja, qualquer postura que possa justificar esta "brincadeira". Trata-se de espancar, destroçar e queimar um boneco identificado com Judas, o traidor de Jesus. Não foi esta a atitude de Cristo em relação àquele que o traiu. Ele o chamou de "amigo" e não o espancou, embora tenha se referido a ele como o "filho da perdição" e dito da infelicidade que o aguardava por causa de sua atitude e falta de arrependimento. A atitude contra o boneco Judas, está, não só distante das Escrituras, mas é contrária a elas. Isso é algo que pode insuflar a agressão contra os que desprezam a fé cristã. Pode ser entendido como um estímulo à violência contra os que se posicionam antagonicamente a Cristo e seu Evangelho, o que é repudiado pelo próprio Senhor.
Resgatemos os sentimentos verdadeiros e a compreensão adequada do que seja o tempo da páscoa, sempre à luz do testemunho da Bíblia Sagrada. O sofrimento de nosso salvador Jesus, sua morte vicária como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e sua ressurreição triunfal, vencendo e sobrepujando a morte, garantindo nossa justificação, ressurreição e glorificação. Não permitamos a secularização (como a da Via Dolorosa em Jerusalém) deste evento de magnitude espiritual tão grande, intenso e profundo. Aleluia, Jesus Cristo ressuscitou.
Rev. Paulo Audebert Delage
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