ANO LXIX - Domingo, 15 de Abril de 2012 - Nº 3468
DIREITO DO ÍNDIO?!
Estamos às vésperas de mais uma comemoração do Dia do Índio. Não sou adepto ardoroso destes "famosos dias" disto, daquilo, deste, daquele, etc, por entender que se trata de uma forma de abrandar nossas negligências com relação àqueles aos quais dedicamos determinado dia durante o ano. Mas, não é sobre isto que pretendo tratar neste momento.
Nosso missionário Nery Aiyala (indígena) que trabalha na Aldeia Porto Lindo, em Mato Grosso do Sul, mandou-nos uma mensagem, via computador, falando sobre a situação triste vivida por eles na aldeia (cerca de 5.000 índios) neste início de ano. Já foram registrados três (03) suicídios de índios neste período. É lamentável, triste e assustador.
Mas, o que tem isto a ver com o direito do índio? Trata-se do aspecto polêmico ligado à evangelização (não catequização) do índio, ou seja, levar a ele a informação sobre a mensagem de Jesus e a salvação por Ele prometida. Há oposição ferrenha a tal iniciativa, alegando-se que os índios devem ser deixados em sua "condição primitiva" sem nenhuma forma de contato com a "cultura branca", incluindo religião. Se assumirmos tal tese, devemos imaginar a África, por exemplo, com seus caçadores de cabeça, canibais e absoluta ausência de qualquer forma de avanço social e tecnológico. O mesmo é verdade para nossos indígenas. Não podemos impor-lhes coisa nenhuma, incluindo a religião. Mas eles, na condição de brasileiros, são também portadores do direito à liberdade de culto e religião. Assim, podem manifestar sua religiosidade na adoração a seus deuses e expressar suas crenças livremente. Devem, também, no entanto, ser informados sobre outras formas religiosas existentes e avaliar entre umas e outras e decidirem em relação a estas ou aquelas.
Quanto vamos à aldeia do irmão Nery e vemos uma igreja evangélica com cerca de 250 integrantes (crianças, adolescentes, jovens e adultos) cujas vidas estão ajustadas e equilibradas, reconhecendo, eles mesmos, que tal situação é devido à fé em Jesus, e que sem isto estariam na miséria física, moral e espiritual, inclusive chegando ao extremo do suicídio, convencemo-nos de que a mensagem cristã sobre a vida eterna deve ser levada também a estes povos. Devemos preservar e garantir a eles o direito de escolherem com relação à religião que desejam abraçar e a que Deus servir. Isto tem que fazer parte do direito do índio no Brasil.
Rev. Paulo Audebert Delage
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