ANO LXVI - Domingo, 01 de março de 2009 - Nº 3305
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos" (Mateus 5:6)
Jesus alia duas necessidades básicas do ser humano, beber e comer, à esperança utópica de justiça, na visão de muitos.
Este texto é incomodativo a nós cristãos. É fato que devemos pensar em termos de justiça diante de Deus, ou teologicamente, justificação.
Claro que aquele que tem esta sede e esta fome por justiça de Deus, é bem-aventurado porque será saciado e fartado neste sentido. A única forma de nos vermos satisfeitos em termos de justiça diante de Deus, é recebendo aquela que está disponível em Cristo Jesus.
No entanto, é importante colocar a questão se este texto trata apenas desta dimensão celestial ou eterna. A afirmação de Jesus, tenho comigo, não se restringe apenas à minha justificação diante de Deus quanto aos meus pecados, por mais importante e fundamental que isto seja. A visão de Jesus é também quanto a esta situação presente e vigente. A bem-aventuranç a está ligada à fome e sede de justiça também na dimensão terrena.
As injustiças (em suas manifestações mais variadas) vão se tornando cada vez mais evidentes e ofensivas à nossa fé cristã. As desigualdades vão se tornando mais patentes, as distâncias e desníveis se mostram mais e mais aprofundados, agravando as injustiças sociais, econômicas, raciais e outras. Esta verdade aplica-se não só a um país em termos de suas diferenças internas, mas em termos globais entre países. As injustiças praticadas contra o cidadão comum; presa da violência perpetrada por criminosos armados ou engravatados e legitimamente eleitos, esquecidos sem a dignidade de assistência médica-hospitalar e tantas outras, que, se fosse falar sobre elas, faria com que me tornasse enfadonho e cansativo.
Quem tem esta fome e esta sede de justiça será farto ou saciado. Quando? Esta é uma boa pergunta. Nesta presente era? Parece que aqueles que têm esta sede e esta fome, morrem à mingua nesta estrutura corrupta na qual estamos. Serão fartos nas gerações futuras que buscarem minimizar as injustiças, ou mesmo extirpá-las? Serão saciados já aqui e na eternidade, com a relação pessoal e íntima estabelecida em Cristo, que nos leva a "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus"? Penso que esta última é a verdadeira, pois em Cristo somos saciados de justiça e nos tornamos promovedores dela.
Seja Deus louvado.
Rev. Paulo Audebert Delage
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