ANO LXXVI - Domingo, 23 de setembro de 2018 - Nº 3804
SORTILÉGIOS BRASILEIROS
SORTILÉGIOS BRASILEIROS
A palavra “sortilégio” tem significado amplo podendo ir desde a magia, feitiçaria, encantamento, até sedução e fascínio, incluindo a ideia de algo que envolve a pessoa de tal modo que se torne “tomada ou possuída” de forma quase (ou mesmo) irresistível. Assim, pode-se referir aos sortilégios da feiticeira tanto no sentido de seus dotes de beleza quanto ao seu envolvimento com a magia.
Tomarei, neste texto, a palavra em seu sentido de sedução, ou capacidade de atrair e levar ao envolvimento sem medir consequências, ou desconhecendo as fronteiras da ética e da moral. No Brasil os sortilégios são muitos, mas o que mais nos tem chamado a atenção é o da corrupção envolvendo dinheiro e poder.
Em reportagem no último domingo sobre benefício do Governo para pessoas pobres, cuja renda familiar não ultrapasse a R$400,00, vimos alguns exemplos do sortilégio do dinheiro na vida de brasileiros. Este benefício concedido pelo Estado tem sido desviado por pessoas inescrupulosas, gerando prejuízo que alcança a casa dos bilhões no último ano. O valor a ser pago é de R$945,00 para uma família, com declaração de pobreza e demonstração da necessidade. No entanto, pessoas com apartamento no Leblon (sócio de shopping), casa em condomínio de luxo no litoral baiano, apartamento em Gramado (comprando outro imóvel por um milhão e meio de reais), moradora de condomínio de classe média em Miami (EUA); pessoas totalmente fora do perfil de direito ao recebimento do benefício, além de despachantes e funcionários do INSS (órgão responsável por tal pagamento), todos envolvidos. Quando entrevistadas nenhuma delas se constrangeu por tal fato, vendo como normal e justo. Recusando-se a sequer cogitar devolver a quantia recebida indevidamente, declarando que não devolve a corruptos (o que eles são?), ou alegando não ter condição econômica para devolver o que receberam. Trata-se do sortilégio do dinheiro, da sedução da riqueza, da avareza que é idolatria.
Oh miséria, oh desgraça, oh desdita. Esse não pode ser o País que queremos para nós, nossos filhos e descendentes. Que vergonha ao ouvir isso de pessoas instruídas (problema não é educação é caráter), pessoas ricas (problema não é pobreza é caráter) e pessoas com alto padrão de vida (problema não é falta de infraestrutura é falta de vergonha na cara). Pense se suas atitudes também não corroboram para a multiplicação da corrupção, falcatrua e canalhice em nosso País.
Que nossa sedução seja pelo Reino de Deus e seus valores, com compromisso de manifestar, a cada dia e em todos os meios e lugares, nosso caráter renascido em Cristo como novas criaturas para o louvor de Sua glória.
Rev. Paulo Audebert Delage
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