ANO LXXV - Domingo, 01 de abril de 2018 - Nº 3779
PECADO E MORTE
“[...] a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18: 4).
PECADO E MORTE
“[...] a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18: 4).
Esse assunto “pecado e morte” está presente em quase toda a extensão das Sagradas Escrituras adotadas pelos cristãos. Do Gênesis ao Apocalipse tal relação é estabelecida de modo claro e inquestionável. No livro do profeta Ezequiel (contexto imediato) está sendo apontado o fato da responsabilidade pessoal, ou seja, o pai não será levado à morte por causa do pecado cometido pelo filho, nem este será morto pelo pecado daquele. Não haverá projeção do pecado de um sobre o outro em termos de penalização, nem tampouco ambos serão mortos se apenas um haja cometido o pecado. Neste sentido a “alma que pecar, essa morrerá”, não outra. Alma, neste caso, tem conotação de pessoa, ser humano, indivíduo.
Uma visão primeira poderá levar à ideia de ser a doutrina do “pecado original” e a corrupção humana herdada equivocadas. Mas, de fato, isso não ocorre. Não se trata aqui deste ponto (pecado original), mas do aspecto da ação pessoal em atos realizados pelos quais você (e não seus pais, ou seus filhos) é o responsável, devendo responder por tais atitudes. Os cristãos da Igreja Ortodoxa não reconhecem a doutrina do pecado original e insistem na responsabilidade pessoal. Em certo sentido os muçulmanos fazem o mesmo, e, igualmente, insistem em tal aspecto, levando à conclusão (para os muçulmanos) da impossibilidade da morte vicária (substitutiva) de Jesus pelos pecadores, pois cada um é responsável pelo seu pecado e recebe a punição devida por ele.
Embora o ensino bíblico seja sobre a responsabilidade pessoal do pecado cometido, há, também, ensino sobre o fato de nascermos “em pecado”, ou seja, recebermos como herança essa corrupção a que se dá o nome de pecado original. Não há contradição ou incongruência em tais ensinos. No caso da morte vicária de Jesus nossos pecados tornaram-se DEle (tornou-se maldito de Deus), Ele não morreu em nosso lugar sem merecer, Ele mereceu pelo fato de nossos pecados estarem Nele e passarem a ser DEle. Assim, ao receber todo o castigo (morte) merecido, livrou-nos de sermos castigados, posto que ninguém pode ser condenado (punido) duas vezes pelo mesmo pecado (delito). Jesus morreu não por que cometeu algum pecado, mas porque meu pecado foi “posto Nele e passou a ser DEle”, devendo morrer por isso. Dessa forma aquele que se identifica pela fé com Cristo e Seu sacrifício recebe todos os benefícios, incluindo o perdão e a bênção da ressurreição para a vida eterna, pois assim como morremos figuradamente com Cristo, com Ele ressuscitamos pelo fato de havermos tido nossos pecados devidamente punidos e pagos. Bendito seja o Senhor por tão grande amor e salvação. Louvado seja Deus, pois Jesus ressuscitou.
Rev. Paulo Audebert Delage
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