ANO LXXV - Domingo, 15 de abril de 2018 - Nº 3781
GUERRA SANTA
GUERRA SANTA
No universo das religiões a violência ou a guerra são, imediatamente, rejeitadas e tidas como algo condenável e indevido. No entanto, mesmo as chamadas “religiões de paz” como o judaísmo, cristianismo, hinduísmo, budismo e islamismo (entre outras) acabam cedendo à prática ou uso da força e da guerra (defensiva ou ofensiva), em relação a seus propósitos de implantação ou manutenção de seu “domínio” sobre as pessoas, regiões ou países.
Embora o Islã esteja mais em evidência em relação a tal assunto devido à ideia de ‘jihad’, isto é, luta, combate ou guerra, pesando sobre os muçulmanos esta responsabilidade por ações de violência contra a pessoa humana e intransigência com os “não alinhados” à sua expressão de fé, vemos que os hindus tem perseguido cristãos e muçulmanos com violência da Índia, levando este país a estar no 27º lugar em perseguição contra cristãos. Os budistas em Miamar deflagraram pesada perseguição aos muçulmanos, expulsando-os de seu território e levando muitos à morte (também os cristãos são perseguidos). Parece que os cristãos estão fora deste panorama. Lamentavelmente não. Há cristãos que perseguem cristãos (América Latina. México, países da região dos Bálcãs, etc) em nome de sua fé cristã tradicional e sua intolerância os leva a atos de violência e perseguição.
Veja que o profeta Joel fala sobre isso ao registrar: “Proclamai isto entre as nações, apregoai guerra santa...” (3:9). Alega-se tratar de contexto específico e tal texto não se aplica fora do momento em que foi proferido, etc. As justificativas para as ‘jihads’, sejam de qual religião for, existirão sempre e nos levarão a assumir que é legítima a expressão da guerra ou violência em defesa de nossa convicção de fé ou crença e imposição delas.
A noção de “guerra santa” passa ao universo geopolítico como “guerra justa”, sendo esta manifestação aceita (até vista como necessária) em determinadas situações (defesa da soberania territorial ou da determinação nacional), levando nações ao combate entre si ou mesmo internamente, de forma fratricida, na chamada “guerra civil”. Há guerra santa ou justa? Justa e santa na perspectiva de quem? Devemos condenar a “jihad” islâmica, mas será justo (e santo) promover nossa “jihad” para eliminarmos a “jihad” deles? Morrer ou matar pela fé, o que se espera do discípulo de Jesus à base do exemplo de seu Mestre e Senhor?
Rev. Paulo Audebert Delage
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