ANO LXXV - Domingo, 08 de abril de 2018 - Nº 3780
DECÊNCIA E DECORO
DECÊNCIA E DECORO
Os exemplos são, para nós, algo de extrema importância, agindo como balizadores de comportamento ou direcionando modo de ser e viver. Daí a importância das “figuras públicas” saberem como se comportar e, sobretudo, transmitir a forma civilizada de coexistência, evitando apresentar um padrão reprovável, que possa ser entendido como algo permitido, aceito e imitável. Quanto maior a figura em destaque (pais, professores, políticos, magistrados e outros) maior o prejuízo e a lesão que podem ser causados por comportamento indevido e censurável por parte desses tais.
Não posso dizer que a expressão usada por determinado Ministro do Supremo Tribunal Federal em resposta a um repórter, reflita a figura exata do colegiado ao qual integra. Seria injusto para com os demais que ali estão. Contudo, à população parece, de fato, que por meio de tal resposta (baixa, vil, desqualificada, grosseira, chula e, até, obscena), o senhor ministro revelou quem de fato é e como se vê ou se percebe. Mandar que o repórter pegasse a pergunta e enfiasse (não me atrevo a escrever aqui o resto) é algo da mais profunda falta de compostura, decência e decoro, com péssimo exemplo a ser passado ao povo brasileiro. Se um integrante da Suprema Corte de Justiça do Brasil fala desse modo, trata dessa maneira as pessoas, o que se esperar?
Outra colocação, imprópria, da lavra do mesmo Ministro foi a afirmação dizendo não poder o STF viver no “autismo”. Tal colocação se mostra de uma desconsideração profunda para com pais e mães que enfrentam tal situação em relação a seus filhos. Houve como que uma forma de desdém à condição de tais pessoas, além do fato de não se aplicar (“in casu”) tal modo de falar e a comparação despropositada. Não se trata apenas de “politicamente incorreto”.
Assistimos pela televisão uma cena desagradável e decadente na qual dois ministros do Supremo Tribunal Federal se ofendem de forma pública, ostensiva, virulenta e pesadíssima, deixando de lado os aspectos próprios da legitimidade da divergência e discordância de conceitos, para enveredarem pela viela obscura da agressão verbal baixa e desqualificada, manifestando total falta de decoro próprio à liturgia que o cargo lhes impõe.
Pedir, portanto, à sociedade brasileira que aja com decoro e decência à luz de exemplos dados por integrante de nossa Casa Judiciária Suprema, de nossas Casas Legislativas e nossos “Palácios Executivos”, parece ser pedir demais a quem não consegue ver, lamentavelmente, em seus dirigentes e líderes maiores esse mesmo decoro e essa mesma decência. Tenha Deus de nós misericórdia.
Rev. Paulo Audebert Delage
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