ANO LXXV - Domingo, 03 de dezembro de 2017 - Nº 3762
MOTIVO DE ALEGRIA?
Mais um ato terrorista. Mais outra vez centenas de pessoas (em princípio) inocentes são mortas de forma estúpida e brutal junto (ou dentro) de um local de orações. Na península do Sinai muçulmanos sufis foram alvo de grande barbárie e punidos por terem uma forma diferente de relacionar-se com “Alah”. A intolerância, a maldade, a desumanidade e a violência são manifestas nesta demonstração repulsiva de ataque covarde e abjeto.
Aqueles que perpetraram ato tão vil e degradante talvez estejam se gloriando e se alegrando na falsa ideia de haverem praticado um ato heroico e de grande valor aos “olhos de Deus”. Provavelmente estejam se enaltecendo e sendo enaltecidos por outros tantos correligionários que lá não estavam, mas apoiam tal atitude. As lágrimas, o choro e o pranto de outras centenas de familiares são sufocados ante os risos e brados de vitória dos que semearam tanta morte e destruição. Há os que lá não estavam e que se alegram com a dizimação destes ‘infiéis’, hereges e apóstatas e apoiam não ostensiva, mas secretamente, tais atos de violência contra estes ‘corruptores da verdadeira fé e do Islã’.
Minha pergunta, no entanto, não se refere aos partidários e seguidores de Muhamad (Maomé), mas a nós cristãos ao ouvirmos tal notícia e vermos as imagens de destruição. É possível que muitos tenham se ‘alegrado’ em ver tantos muçulmanos abatidos e eles ‘se matando entre si’. Talvez alguma forma de identificação com os que realizaram tal ato se expresse em nosso íntimo mais uma vez quando eles se ‘explodem entre eles’ e se diga: ‘ótimo não são cristãos’. Claro; não se faz tal declaração em público, na imprensa e nem com quem não seja ‘dos nossos’, mas entre nós há um sentimento de ‘serenidade’ ou, pelo menos, de indiferença já que são ‘muçulmanos’.
Profunda tristeza há no coração por tal forma de violência e intolerância independentemente de serem cristãos, muçulmanos, judeus, hindus, budistas, agnósticos ou ateus os alvos de tal expressão de barbárie. Neste caso não há motivo de alegria no coração dos que, de fato, amam a Deus e “desejam que os outros nos façam como fazemos a eles”.
Rev. Paulo Audebert Delage
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