ANO LXXV - Domingo, 12 de novembro de 2017 - Nº 3759
APEGADOS À PALAVRA
“[...] Não ultrapasseis o que está escrito [...]” (I Coríntios 4: 6)
APEGADOS À PALAVRA
“[...] Não ultrapasseis o que está escrito [...]” (I Coríntios 4: 6)
Certamente o apóstolo Paulo não nos fala sobre o aspecto da integridade moral e ética de honrar a palavra empenhada (coisa tão necessária em nossos dias). Seu foco e interesse se concentram na necessidade de vinculação de nossos atos, crenças, ensinos e costumes não ultrapassarem ao que se nos foi dado por Deus e está objetivado em Sua Palavra, ou seja, mantermo-nos ligados e vinculados ao que está escrito. A atenção de Paulo se prende ao risco de irmos além daquilo que temos nas Escrituras e que tais colocações conflitem ou, pior, invalidem aquilo que nos tem sido ensinado pela Palavra revelada e escrita. Nestes tempos de lembrança da Reforma e o “Só as Escrituras” torna-se muito importante a admoestação de Paulo.
No entanto, penso que, muitas vezes, no temor devido e próprio de não ‘ultrapassarmos’ aquilo que está escrito, temos ficado ‘aquém do que está escrito’. Em nosso meio protestante reformado (e vamos relembrar os 500 anos da Reforma) parece ser muito comum este erro, ou seja, não chegar ao que está escrito e ficar ‘policiando’ o que talvez tenha ultrapassado. Os dois modos de agir estão incorretos e fora do padrão de Deus. Nossa ortodoxia nos ‘empurra’ à preocupação com não excedermos ao limite imposto pela Palavra, o que é positivo, mas nos ‘engessa’ em uma postura impeditiva de chegarmos até onde nos é permitido, ficando muito abaixo do padrão de Deus estabelecido e determinado nas Escrituras. Assim, é comum vermos o zelo exacerbado (muitas vezes) em não ‘ultrapassar ao que está escrito’, mas a negligência, acomodação e satisfação em permanecer ‘sem atingir ao que está escrito’.
Com fidelidade mantenhamo-nos firmes em não ultrapassar e extrapolar ao que tem sido escrito para nosso ensino e edificação na Palavra, mas não negligenciemos aos privilégios e bênçãos do Senhor para nós devido a postura passiva e desidiosa e, como consequência, carentes, débeis, caquéticos e fracos aquém das riquezas que o Senhor nos tem feito conhecer e disponibilizado por meio do que registrou em Sua Palavra escrita. Não além, mas, jamais aquém do que está escrito. Amém.
Rev. Paulo Audebert Delage
Nenhum comentário:
Postar um comentário