ANO LXXIV - Domingo, 19 de junho de 2016 - Nº 3686
MISANTROPIA
MISANTROPIA
Mais uma notícia de tragédia causada pela intolerância e incapacidade de discordar sem agredir, de divergir sem massacrar, de dissentir sem exterminar. Este morticínio perpetrado por um jovem nos Estados Unidos vem se somar a outros realizados naquele país e a outros efetuados por terroristas em países vários, deixando as autoridades cada vez mais preocupadas com a ocorrência de tais crimes. A explicação é o extremismo, o radicalismo e a misantropia, ou seja, a vontade de atacar ou agredir o ser humano.
Não podemos dizer que isso é coisa só de extremista muçulmano (embora ele fosse muçulmano), mas vimos um jovem (não ligado ao islã) atirar em muitas pessoas dentro de uma igreja metodista. Portanto, não devemos nos apressar em vincular tal fato a uma espécie de “justiça divina contra a manifestação do pecado”. Muitos destes atos foram realizados por pessoas ligadas a manifestação cristã como o IRA (Exército Republicano Irlandês) ou o ETA (Exército de libertação do povo Basco), em que muitos de seus militantes eram, nominais ou não, cristãos. Assim, não devemos justificar tal ato contra as pessoas que estavam naquela “casa noturna”, pois não se pode admitir a violência contra a pessoa humana por causa de suas convicções e opções.
Não foram mortos “gays”, mas pessoas. Não foram torturados cristãos, mas gente. Não foram maltratados negros, mas seres humanos. Não foram violentadas mulheres ou abusadas crianças, mas, sim, cidadãos e cidadãs do mundo, como um de nós, integrantes da mesma raça, a raça humana. A violência contra pessoas de um segmento da sociedade humana é, antes de tudo, violência contra todos nós seres humanos.
Por mais que admitamos que o comportamento homossexual seja condenável à luz da Bíblia, por muito que entendamos ser tal opção de sexualidade afronta aos princípios da fé cristã bíblica, jamais poderemos concordar ou admitir, como cristãos, a violência e a agressão contra tais pessoas. A humanidade parece ficar cada vez menos humana. Deus tenha misericórdia.
Rev. Paulo Audebert Delage
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