ANO LXXII - Domingo, 07 de setembro de 2014 - Nº 3593
ARRUDA, BRASÍLIA E DENTADURA
Tempos de eleição em nosso país. Mais uma vez somos colocados frente a candidatos a cargos eletivos, seja no Executivo ou no Legislativo. Alguns rostos novos, mas a maioria já velhos conhecidos do eleitorado, com suas propostas audaciosas e arrojadas, mas com realizações tímidas e acanhadas.
Temos três exemplos que citei acima. Um vem da candidatura ao governo do Distrito Federal em que concorre o senhor Arruda. Escândalos ligados ao seu nome, fraude de votação no painel, choro teatral e depois de processado e condenado, aí está novamente e com chances de vencer (está na frente nas pesquisas), mesmo com restrições (impugnação) de sua candidatura pelo TSE, ainda que haja alguns recursos a serem usados (país dos recursos, mas esse é outro assunto). É lamentável, mas é o povo que vota. O Pelé falou algo sobre isso e foi muito hostilizado. O outro exemplo nos apresenta não a capital do Brasil, mas um carro chamado Brasília. Esse é fruto do candidato à reeleição; senhor “Tiririca”, não sei o nome desse senhor (é minha falha e não dele). Ele diz que para ser candidato precisa conhecer Brasília, e apresenta o carro chamado Brasília. É muito engraçado. Mas, política (administração da “polis”) é algo sério. Será que ele sabe o que seja “polis?”. Obteve uma votação estrondosa e agora se apresenta à reeleição. Claro que não fez quase nada. Mas foi um dos mais presentes às sessões da Câmara. Talvez não tivesse outra ocupação, não tivesse base eleitoral a visitar e nem coisa produtiva em que empregar seu tempo. Quem traria o deputado para uma palestra? Quem gostaria de ouvi-lo sobre as questões sérias que afligem o Estado? Será que ele sabe distinguir Estado de estado? Mas, é candidato engraçado e com possibilidades de reeleição, devendo fazer ou votar as leis para nós cumprirmos. O último dos três exemplos diz respeito à pergunta que seria feita à presidente atual, mas ela não compareceu à entrevista ao Jornal da Globo. A pergunta seria (próximo disso): a senhora não entende ser inadequado dar dentes postiços (dentadura) a alguém e logo a seguir colocá-la em seu programa de propaganda eleitoral? Como não compareceu a pergunta ficou sem resposta. Mas, fica claro o modo antigo de assistencialismo barato na “captação” (na verdade compra) de votos com a doação (troca) de voto por cesta básica, sapatos, dentaduras, etc. Além de programas assistencialistas de alcance e efetividade questionáveis, deparamo-nos com essa forma menor e pequena de se buscar o voto, a estrutura da troca.
Há outros casos que nos trazem tristeza ao vermos o programa eleitoral gratuito. Mas, esses três citados servem para ilustrar grande parte desse nosso universo de candidatos a cargos eletivos para nosso legislativo e executivo. A necessidade de cuidado, critério, avaliação e oração é muito grande. Que tenhamos esse zelo e que escolhamos com base na vida e realizações dos candidatos não em sua fala e propaganda. Escolha aquele que você entende ser o melhor, e não o que você pensa que irá ganhar.
Rev. Paulo Audebert Delage
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