ANO LXVIII - Domingo, 16 de janeiro de 2011 - Nº 3403
“Então ela, instigada por sua mãe, disse: Dá-me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista” (Mateus 14:8).
A passagem a que se refere o texto citado acima é bastante conhecida dos que têm algum contato com a história bíblica. Trata-se da adolescente-jovem Salomé, que no dia do aniversário de Herodes, dança para ele e, por sua sensualidade, o deixa pasmo e envolvido. A mãe, Herodias, aproveita o momento para desferir golpe fatal contra seu opositor, o profeta João Batista, e aconselha a filha a pedir a cabeça deste santo homem de Deus. No que foi atendida pela filha em sua orientação e, por Herodes, em seu pedido.
Pacere-nos absurdo que uma mãe possa agir de modo tão vil, a ponto de nos revoltar ainda hoje, ao lermos tal história. Ficamos a pensar como uma mãe pode se utilizar de sua filha para alcançar intentos tão baixos e iníquos? Como pode orientar uma filha na direção da maldade e vileza, levando-a a pedir a morte de alguém? Como pode explorar a filha sexualmente com o fito de buscar conforto pessoal? O que aconteceu na história bíblica ainda continua ocorrendo. Desafortunadamente...
Quando lemos, ouvimos ou vemos notícias envolvendo casos em que mães exploram as próprias filhas, orientado-as a venderem-se (quando não são vendidas), ou introduzem-nas nas vias do crime e das drogas, ficamos chocados e revoltados. Somos então confrontados com o fato de que tal procedimento não é coisa, apenas, de nossos dias.
Que conselhos têm sido dados por nós a nossos filhos? Quanto temos buscado influenciá-los meramente para uma vida de conforto, vitória e sucesso humanos a qualquer custo? Nossas orientações e conselhos (ligados ao exemplo) são para levá-los ao compromisso da fé em Cristo e à simplicidade do cristianismo? Estamos mergulhados neste mar de consumo (que nos consome) e aconselhamos nossos filhos a que satisfaçam seus desejos e interesses, sem barreiras ou limites, pois o que importa é “ser feliz”? A remoção de “qualquer obstáculo” é válida e legítima, desde que gere a tranquilidade e o conforto pessoal, mesmo que minhas mãos, e daquele a quem aconselho, fiquem manchadas de pecado, iniquidade e sangue? Até onde meu conselho é, de fato, orientação de conformidade com o Senhor, ou mera projeção de meus desejos e interesses sobre meu filho? O Senhor nos ajude e nos guarde em nossas orientações e conselhos.
Rev. Paulo Audebert Delage
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