ANO LXVII - Domingo, 01 de fevereiro de 2009 - Nº 3301
"Bem-aventurados os que choram porque serão consolados" (Mateus 5:4)
Chorar não parece ser algo que nos leve a pensar em bem-aventurança. É bem verdade que alguém pode chorar de alegria devido a uma vitória grandiosa, mas o comum é a associação do choro a situação de tragédia, problema, perda, sofrimento e dor. Neste contexto e ambiente como entender que se possa ser bem-aventurado ou ditoso?
A que se refere Jesus ao falar sobre o choro ligado à felicidade? Como estes dois elementos podem se compor harmoniosamente sem se tornarem excludentes? Esta me parece ser a questão de maior importância neste texto.
Todos os que choram serão consolados? Todo choro terá como resultado final a consolação? Parece que não há qualquer distinção especial feita pelo Senhor Jesus quanto ao choro e a consolação. A leitura simples e direta nos leva à interpretação de que qualquer pessoa que chora por qualquer motivo, será consolada. De alguma maneira ou forma ela receberá algum alento para minorar sua condição de choro, encontrará algum modo de conforto para mitigar seu pranto e aliviar sua alma? Isto é universal?
As bem-aventuranças não são de caráter universal, mas particular e dizem respeito aos cristãos ou discípulos de Jesus. Sua inserção no chamado sermão do monte faz com que sejam entendidas como ligadas aos que exercitam a fé em Cristo e assumem o compromisso de testemunhá-Lo em sua vida diária. Neste sentido podemos entender que serão consolados os que choram pelos que não choram, os que choram por causa de seus pecados, os que choram devido à violência e maldade manifestas contra suas vidas e contra as pessoas em geral, os que choram por causa da intransigência humana e do sentido tolo e vão de imaginar a superioridade preconceituosa de alguém sobre outro por causa da cor de sua pele, posição social, nível cultural ou acúmulo de bens e riqueza.
Pode ser possível que não encontrem consolação neste presente sistema de corrupção e vileza, nominado nas Escrituras cristãs como "mundo" ou "presente século". No entanto, certamente a consolação não lhes será negada pelo Senhor, seja no recesso do coração e íntimo da alma, ou no Dia glorioso em que serão enxugadas de nossos olhos toda lágrima, naquele lugar de bem-aventurança a plena e eterna, o lugar da habitação de Deus com seus santos, o céu.
Rev. Paulo Audebert Delage
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