ANO LXXV - Domingo, 20 de agosto de 2017 - Nº 3747
DURO DISCURSO!
“Duro é este discurso, quem o pode ouvir?” (João 4: 60)
Nem sempre fazemos a associação correta e adequada da Pessoa do Senhor Jesus ao que vemos registrado nos escritos evangélicos. Torna-se comum a ênfase em seu caráter de mansidão, tolerância e candura em detrimento de sua postura firme, incisiva, direta, dura e, por vezes, rude e ofensiva. O enfoque exacerbado a uma destas características desvirtua a figura de nosso Salvador Jesus. Assim, é necessário ter a visão equilibrada da doçura e firmeza, da candura e rispidez, da tolerância e da intolerância, da gentileza e da confrontação manifestos por Cristo conforme os registros que temos.
Tais padrões distintos de postura em Jesus não indicam uma pessoa desequilibrada, temperamental, explosiva, instável ou esquizofrênica. As distinções de modo de ação do Senhor Jesus estão ligadas à atitude das pessoas em relação a si mesmas e ao modo como se postavam e se “enxergavam”. Ele não demonstrava mais amor aos publicanos que aos fariseus por serem de determinada “categoria” de pessoas, mas a diferença de tratamento era devido ao modo como se portavam frente à consciência de pecado. Tanto o fariseu como o publicano eram amados e recebidos pelo Senhor, quanto por Ele rejeitados, dependendo apenas de como se viam e se colocavam.
Nosso Salvador Jesus Cristo não foi cordato ou gentil com quem se mantinha empedernido e duro ao apelo de arrependimento, não tolerou aquele (a) que não se via como pecador (a) e era autossuficiente com confiança em sua própria justiça e retidão. Portanto, muitas vezes os discursos (palavras) de Jesus foram duros e pesados e houve quem, devido a isto, o deixasse. O “Vinde a mim os que estais cansados e eu vos aliviarei...” (Mateus 11:28), está no mesmo pé do “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mateus 23: 33). Os mesmo lábios que pronunciaram “vinde, benditos de meu Pai!” declararam: “apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” (Mateus 25: 34 e 41). Muitos ouvindo o discurso duro de Jesus se retiraram, pois não é muito agradável a confrontação com nosso “eu” vaidoso e acomodado no pecado. Ele não se importou com isso. Seu propósito com o discurso duro era promover o arrependimento e a salvação. Mesmo ao falar com dureza o que o movia era o amor no desejo de ver as pessoas salvas. Aleluia.
Rev. Paulo Audebert Delage
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