ANO LXXV - Domingo, 16 de julho de 2017 - Nº 3742
JUNINAS, JOANINAS E JULINAS
Os meses de junho e julho trazem sempre, em nosso contexto brasileiro, aquele tempo de festa chamada “caipira” ou “da roça”. Variedades de comidas típicas à base de milho, canjica, broas, bolos, pipoca, “quentão”, fogueira e batata doce, enfim uma grande, festiva e vibrante manifestação de alegria com as danças próprias (quadrilhas), encenações de casamentos, etc. Na maioria das vezes com simplicidade e até pureza. São as chamadas festas juninas, devido à sua ocorrência em junho.
No entanto, muitas destas festas passam a ter uma conotação de celebração religiosa, pois no mês de junho celebram-se (calendário católico romano) os dias de São João, São Pedro e Santo Antônio. Muitas vezes as festas “caipiras” são vistas e chamadas de festas de São João, passando de “juninas” a “joaninas”, vinculando-as, como dito acima, à pessoa ou figura de “São João”, mesclando o folclore (rural-caipira) com o religioso.
Esta conotação vinculante das festas juninas a figuras religiosas, bem como a dança folclórica da quadrilha e a presença do “quentão”, levou muitos protestantes a rejeitarem tais festividades, não aceitando a participação nelas e, muito menos, a realização delas em ambientes (dependências da Igreja, escola evangélica, etc.) vinculados à Igreja de tradição Protestante. Esta restrição foi muito mais acentuada no interior e cidades menores, ou regiões em que as “festas de São João” eram, de fato, exclusivamente de caráter religioso com seus leilões de prendas dedicados a “santos”.
Temos, atualmente, um aspecto de maior “abertura” com nossos “arraiais”. Alguns ainda se sentem um pouco “incomodados” com tal fato, fazendo associação com o caráter religioso de tais festividades e julgando impróprias a nós. Na verdade, parece-me ter havido “excesso de zelo” dos irmãos na tentativa de “evitar a aparência do mal”. Em nosso contexto nossas festas devem ser juninas e julinas (junho e julho), sem nada de “joaninas” “petrinas” ou “antoninas”. Não fiquemos acanhados ou constrangidos com nossos “arraiais”. Celebremos com alegria e festejemos com animação, tendo em vista a manifestação da graça de Deus em nosso viver, louvando-O por sua provisão diária vinda do campo para nossas mesas.
Rev. Paulo Audebert Delage
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