ANO LXXI - Domingo 23 de março de 2014 - N° 3569
Do Congonha ao Gólgota
Domingo pela manhã, depois de acordar semi-descansada do ritmo alucinante da semana, Cláudia vai a padaria para comprar pães para tomar com a família, o marido, os 4 filhos e os 4 sobrinhos. Ela mora no "morro", numa comunidade mamada Congonha e naquela manhã policiais fariam uma operação para aplacar a violência dos bandidos, pois um dos valores da Policia Militar é "Preservação da Vida e Dignidade Humana".
Segundo a versão de alguns moradores e do marido de Cláudia, ela foi atingida por um tiro da PM, que ao perceber o ocorrido resolve prestar "auxílio" à vitima. Ela é colocada no camburão, na parte traseira sem nenhuma dignidade, sem cuidado e sem observação, recebendo menos atenção do que as compras quando colocadas no mesmo lugar; foi levada para o hospital. Como se não bastasse a tragédia, a porta traseira do camburão abre e Cláudia cai, ficando dependurada por suas roupas na lataria do veículo, sendo arrastada pela rua no meio do trânsito. Pedestres e carros tentam avisar a polícia da tragédia que só percebe depois de arrastá-la por mais de 250 metros, quando parou num sinal de trânsito. Cláudia da Silva Ferreira, 38 anos, auxiliar de serviços gerais, foi enterrada na segunda-feira (p.p), recebeu homenagem dos amigos e familiares, ainda indignados. Os policiais estão presos, foi aberto um inquérito policial militar.
A morte de Cláudia nos sensibiliza, a de uma inocente nos deixa indignados. Quais as consequências de sua morte? Certamente sua família sofrerá por muito tempo, talvez os policiais envolvidos sejam julgados e condenados, o morro do Congonha ficará lembrado por esse episódio, por quanto tempo, não sabemos.
Fim de tarde de sexta-feira, um homem considerado anarquista e revolucionário também é morto, não no Rio de Janeiro, mas nos arredores de Jerusalém, ele também era inocente, sem acusação que justificasse tal ato, ao contrário de Cláudia, foi morto intencionalmente e semelhante a ela, pela guarda responsável por manter a ordem também no "morro" o Gólgota. Seu nome é Jesus e diferentemente da Cláudia, Ele não será esquecido. As implicações de sua morte ecoam eternamente nos corações de todos aqueles que se identificaram Cristo, entendendo o sentido das palavras do Apóstolo Pedro, "Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzirmos a Deus.” (I Pe 3:18). Experimentando através de sua morte a vida abundante oferecida por Ele, para que pudéssemos nos aproximar de Deus.
Rev. Gustavo Bacha
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