ANO LXXI - Domingo 03 de novembro de 2013 - Nº 3549
“OS MORTOS NÃO LOUVAM AO SENHOR” (SL.115:17)
Dia 02 de novembro é o Dia dos Fiéis Defuntos (Dia de Finados), ou Dia dos Mortos (México). Essa comemoração remonta ao século V, onde já se encontra forte costume de se orar a favor dos mortos. Em 998 o monge Odilon determinou que se fizesse oração pelos mortos (em Cluny) e no século XIII passa-se a ser celebrado oficialmente logo após o dia de Todos os Santos. Há, ainda, alguma mistura com a festa do Halloween.
Não nos deteremos em aspectos históricos da evolução de tal comemoração. Mas, destaco a colocação feita pelo salmista em uma afirmação, para nós, chocante ao dogmatizar que “os mortos não louvam ao Senhor”. Isso implica na situação das pessoas após a morte. E gera algumas controvérsias. Há (como Testemunhas de Jeová, Adventistas e outros) quem afirme que após a morte não há atividade qualquer, ou seja, o corpo se desfaz e a alma dorme sem consciência alguma (Ec.9:5). Outros há (católicos romanos, ortodoxos, por exemplo) que sustentam a situação de consciência da alma após a morte, indo além ao afirmar que os mortos podem interferir (mediante intercessão- os santos) na vida dos que estão vivos na terra. Assim, temos posições em extremos, indo de absoluta inconsciência (sono) à ajuda a favor dos que ainda estão vivos (intercessão).
Como entender a afirmação do salmista e a do apóstolo João que afirma “vi as almas dos que foram mortos...e clamavam em grande voz...”(Ap.6:9-10). Na sequência do capítulo vemos uma multidão inumerável de salvos na presença do Senhor entoando louvores.
Não há contradição nos textos. O salmista fala do morto (pessoa morta), ou seja, aquele que ali está (corpo) não pode louvar e não louva ao Senhor e não tem consciência de coisa alguma. João nos fala de nossos espíritos (almas) na glória onde, de forma consciente, louvam ao Senhor. Assim, vemos que nossa posição evangélica é a que admite a sobrevivência da alma ao corpo, sua consciência plena (em sofrimento ou gozo), mas a sua não interferência a favor dos que estão ainda na experiência de vida neste mundo, e nem podem ser por nós influenciados na condição em que estão.
Celebramos o Dia de Finados? Não. Mas, lembramo-nos de nossos queridos que já partiram e não estão conosco, mantendo em nós a boa lembrança, a saudade permanente devido à ausência e reverenciando-lhes a memória. Assim é para nós.
Rev. Paulo Audebert Delage
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