ANO LXIX - Domingo, 04 de Dezembro de 2011 - Nº 3449
PERDÃO: PEDIR OU AGRADECER?
"Vós orareis assim: ...perdoa as nossas dívidas..." (Mateus 6:9 e 12).
A questão do perdão dos pecados parece ser algo simples e sem qualquer dificuldade para nós. Uma vez que cremos no depoimento das Escrituras Sagradas, torna-se fácil a compreensão sobre tal assunto, isto é, confessamos nossos pecados a Deus, pedimos que nos perdoe em Cristo e desfrutamos de tal certeza.
No entanto, parece haver alguma dificuldade neste tema, quando se pensa naquele que já foi alcançado pela graça salvadora em Cristo e foi justificado de seus pecados e que comete alguma transgressão da vontade do Senhor. A dificuldade é no sentido de se afirmar não ser necessário pedir perdão dos pecados, uma vez que já fomos perdoados de todos eles e devemos apenas confessá-los e agradecer o perdão que Deus, em Cristo, já nos deu em relação aos mesmos.
O raciocínio acima exposto parece carecer de suporte à luz da Bíblia. Vejamos: na oração dominical o Senhor insiste em que devemos orar desta maneira e diz: "perdoa nossas dívidas..." Nesta oração o pedido para que nos dê o pão de cada dia é permanente, embora saibamos que Ele cuida de nós e tem nos dito que nos sustentará. É permanente o pedido para que nos livre do mal e não nos deixe cair em tentação, embora Sua promessa seja de que não permitirá que nossos pés vacilem. Não deveríamos nem mesmo orar; já que o Senhor sabe o que vamos pedir antes mesmo de falarmos, devemos apenas agradecer (Mt.6:8). O raciocínio é o mesmo. Pedir alguma coisa ou bênção se torna desnecessário, uma vez que Ele já "nos abençoou com toda sorte de bênção espiritual em Cristo Jesus" (Ef.1:3). Não devemos pedir que o Senhor nos sustente em fidelidade diante dEle para não nos desviarmos de Seu caminho, pois já estamos salvos em Cristo e é impossível para o regenerado se desviar.
A confissão é o reconhecimento da parte do pecador que pecou contra o Senhor, o pedido de perdão é a declaração pública quanto à sua necessidade e dependência da graça dEle em relação à provisão para a justificação e expiação do pecado e culpa, a gratidão é a manifestação de sua fé nesta ação soberana e graciosa do Senhor em livrá-lo da condenação gerada por seu ato pecaminoso.
Não posso dizer que seja "errado" (para o regenerado) não pedir perdão, uma vez que já foi justificado de todos eles e apenas agradecer. Mas, prefiro admitir, pelas escrituras e ensino da Igreja desde seus primórdios, e exercitar a orientação do Senhor: "pedi e dar-se-vos-á" (Mt.7:7).
Rev. Paulo Audebert Delage
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