ANO LXVI - Domingo, 22 de fevereiro de 2009 - Nº 3304
"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra." (Mt 5:5)
O ambiente histórico-social, muitas vezes, determina a alteração sobre como as pessoas percebem ou recepcionam certos conceitos ou atitudes. A mansidão, no mundo antigo do Novo Testamento não era vista como virtude, mas, ao contrário, era tida como manisfestação de debilidade e fraqueza.
É apropriado considerar que, ainda hoje, muitos não vêem a mansidão como algo honroso, mas como sinônimo de covardia, uma vez que se confunde mansidão com frouxidão. A Bíblia corrige este equívoco, por exemplo, ao dizer que Moisés foi o homem mais manso sobre a terra. O próprio Senhor Jesus a Si mesmo se apresenta como Aquele que é manso e humilde de coração. Ao olharmos estas duas figuras vemos que estão longe de serem fracas, pusilânimes ou covardes. Moisés chegava a ser iracundo, embora paciente. Jesus tratava com firmeza e vigor a hipocrisia, chegando a expulsar com azorrague e chicote os profanadores da santidade do Senhor.
Mansidão alia a brandura à firmeza e disciplina, a suavidade à repreensão com amor. Não significa, portanto, lassidão e conivência com o erro, nem também a passividade absoluta em não defender-se. O manso não é violento, nem virulento. Tem a palavra firme, porém branda que desvia o furor.
A promessa feita por Jesus é que os mansos herdarão a terra. Isto significa o fato de entrarem na posse dela desde já e, certamente, na consumação de todas as coisas. Não se pode admitir a interpretação das Testemunhas de Jeová quando afirmam que apenas 144 mil irão para o céu, enquanto os demais herdarão esta terra com suas propriedades, edificações e bens.
Ser manso é um desafio gigantesco para nós cristãos em meio a este mundo de violência e truculência no qual vivemos. Mas, seja ontem ou seja hoje, são bem-aventurados os mansos e hão de herdar a terra, pois Jesus não poderia e, seguramente, não está errado.
Seja Ele louvado.
Rev. Paulo Audebert Delage