ANO LVIII - Domingo, 6 de agosto de 2000 - No 2858
IGREJA, COMUNIDADE DE FÉ
Marcando o início das comemorações
dos 141 anos de Presbiterianismo no Brasil.
dos 141 anos de Presbiterianismo no Brasil.
A igreja é, primariamente, uma realidade vertical: relação com Deus. Todo o drama da Redenção já está pressuposto. A questão toda é que ninguém é salvo sozinho. Há uma dimensão comunitária de fé. Quando conhecemos o Evangelho de Cristo e o aceitamos, só pode ser por intermédio dos outros, em comunhão com outros, para transmitir a outros. A própria Escritura foi elaborada pela Igreja, por ela preservada e disseminada. Quem tem a Bíblia está sendo alcançado pela obra da Igreja.
Nem há possibilidade do exercício da fé de modo puramente individual. É certo que o membro da Igreja é individual e importa tenha tido a experiência da conversão. Não há dúvida, Igreja não existe sem pessoas que tenham comunhão com Deus e o cultivo dessa comunhão como os irmãos. Elas nunca estão sós.
Isso, de certo modo, é imposição da própria natureza humana. Desde o início fez Deus o homem para a vida em sociedade. Em Gênesis, cap. 2, quando se fala da criação da mulher, a razão dada por Deus não foi outra: o homem não deve estar só. Isolado, o homem é abstração. Não só pela diferenciação biológica somos nós dependentes uns dos outros. Também do ponto de vista psicológico. Isolamento, quando extremo, provoca loucura. O ser humano, no isolamento, se torna subumano.
Feito para Ter relação com Deus, o ser humano, como sabemos, preferiu voltar-Lhe as costas. Cumprisse seu destino e teria sido feliz, pois que o amor de Deus fundamenta toda sociabilidade legítima, visto que desinteressada. Mas o egoísmo é fatal. O egoísta encontra outros egoístas. Daí as discussões e guerras que mancham toda a História dos homens.
No meio desse cenário instituiu Deus a Igreja, Igreja que é sociabilidade sui-generis: é a "comunidade dos santos". A comunidade, nesse caso, é expressão de sociabilidade cuja razão está em Deus. Não se trata de mera simpatia natural que esteja a unir os membros da Igreja. Não. É pelo que Cristo fez por nós; é pelo que o Espírito Santo faz em nós, que estamos sendo chamados a viver juntos - na comunhão da fé e no propósito de serviço.
A igreja é, pois, neste mundo de paixões e desavenças, o corpo que tem Cristo por cabeça e que visas a plenitude da comunhão e da realização da vontade de Deus.
Rev. Júlio de Andrade Ferreira
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