ANO LXXV - Domingo, 20 de maio de 2018 - Nº 3786
CASAMENTO, “FACEBOOK” E CONSTRUÇÃO FICCIONAL
CASAMENTO, “FACEBOOK” E CONSTRUÇÃO FICCIONAL
O mês de maio é, no Brasil, tido como o mês do lar, incluindo o dia das mães; data que, em termos comerciais, é superada apenas pelo Natal. As noivas buscam casar durante esse mês, fazendo com que as agendas de cartórios, salões de festas e templos religiosos fiquem cheias. Estamos vivenciando todo o “glamour” e pompa do casamento do príncipe inglês, gerando a ideia do “casamento dos sonhos”, embora possa vir a transformar-se em horroroso pesadelo.
Neste tempo de redes sociais, informações “on line”, universo virtual e outros instrumentos de mídia social informatizada, há uma forma rápida e célere de comunicação, agregando-se-lhe a força da imagem, ou seja, não se trata apenas de dizer ou falar, mas de mostrar e apresentar. Entramos, portanto, no universo da aparência ou projeção. Na verdade, não há problema na divulgação de imagens, transmissão de fotos e coisas do gênero. A questão é que vemos uma “construção ficcional” em todo esse processo, ou seja, ninguém tem problemas, conflitos, dificuldades ou dissabores no “facebook”. Todos os casais, lares e famílias são só sorrisos e alegria, gerando uma impressão de ausência total de adversidades, divergências, conflitos e dificuldades. Uma imensa e grandiosa construção ficcional.
Casamento, lar, família e relacionamento não se reduzem a fotos produzidas em momentos de felizes manifestações em meio a jardins, praias e belas paisagens. São, ao contrário, fruto de muita tolerância, paciência, resignação e compreensão, entre outras tantas formas de comportamento. O real da vida familiar não é o que se tem em momentos congelados de fotos e imagens captadas e transmitidas em “facebook”, mas o lavar a roupa, fazer a comida, limpar a casa, escutar e atender ao outro, suportar e superar as diferenças, perdoar, compreender, acolher, socorrer, respeitar, tratar com consideração, sendo expressões de amor e dedicação ao outro.
Felizes os que edificam e constroem seu lar e família em bases não ficcionais ou ilusórias, mas em fundamentos sólidos de compromisso, respeito e consideração mútuos na observância dos princípios da Palavra de Deus, demonstrando, por meio dos atos, o amor genuíno, pelo qual é possível superar as dificuldades inexistentes na ficção dos “facebooks” de nossos dias, mas bem presentes em nosso mundo real.
Rev. Paulo Audebert Delage
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