ANO LXX - Domingo 17 de fevereiro de 2013 - Nº 3512
Discurso sobre ÉTICA
Já faz alguns dias que o presidente do senado brasileiro tomou posse. Para surpresa de brasileiros sérios e éticos, foi eleito o senador Renan Calheiros. Seu discurso de posse, adredemente preparado, foi sobre ética. Uma retórica, parece-me, divorciada da realidade daquilo a que se referia, ou seja, a própria ética. Essa nobre excelência renunciou a seu mandato anterior no senado federal, devido a denúncias graves e sérias, evitando sua cassação e podendo vir a ser reeleito. Sua eleição ocorre quando o Procurador Geral da República apresenta denúncias (plural) contra o nobre parlamentar, o que é, no mínimo, algo a ser levado em conta quando se fala em ética. Claro que denúncia não é condenação transitada em julgado, mas não é muito razoável, nessa condição, falar em ética. Mas, o senador não está lá por si mesmo, voltou pelo voto popular. Então a pergunta é: quem é menos ético? Ah, o Pelé, e o nosso povo que não sabe votar... Ah, o presidente De Gaulle e esse país que não é sério...(vejamos o Arruda, o Sarney (650 atos secretos do senado), o Collor a lista se prolongaria).
Pelos ensinos bíblicos não se pode ter uma situação de dicotomia e antagonismo entre falar e viver, entre discurso e conduta. A censura de Jesus aos tartufos e hipócritas fariseus e escribas dava-se devido a isso, ou seja, falar uma coisa e fazer outra diferente do dito. O nobre senador Renan Calheiros, bem como qualquer outro que se diga cristão, tem o compromisso de dizer e andar em verdade. As pessoas ainda se deixam seduzir pelo falar, esquecendo-se de verificar o viver, o agir. Notemos que a Rosemary já não é tratada mais na mídia, mas seu “padrinho” e condutor ao cargo político que ela ocupava, continua falando de ética, de integridade, de honradez, verdade e impolutez.
Ficamos abatidos com tudo isso. Mas, o Senhor, por meio de Paulo, nos disse que os “homens irão de mal a pior, enganando-se e sendo enganados” (2 Tm. 3:13), em um modo de viver sem a mínima preocupação com a ética, embora nela muito falando. Sejamos nós levados a imitar um grande administrador público e político retratado nas Escrituras quando disse (e viveu): “os primeiros governadores que foram antes de mim, oprimiram o povo, e lhe tomaram pão e vinho... porém eu assim não fiz por causa do temor de Deus” (Ne.5:15). O Senhor nos ajude para vivermos a ética do Reino de Deus, honrando Seu Nome e vivendo com temor e tremor e não tendo de que nos envergonhar, longe de uma ética cuja ética é a falta da ética.
Rev. Paulo Audebert Delage
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