ANO LIX - Domingo, 17 de fevereiro de 2002 - No 2938
MÉRITO OU GRAÇA
A idéia de que o homem precisa fazer alguma coisa para ser salvo é algo profundamente arraigado no coração humano. Da cama de pregos ao andar sobre brasas. Do voto de silêncio à autoflagelação. Das promessas às oferendas. Das peregrinações às penitências. Da renúncia dos prazeres da vida aos pactos macabros. Da prática da caridade à busca do eu cósmico. Das pirâmides aos cristais. Da torre de Babel às sucessivas reencarnações. Por toda a parte se vê gente tentando alcançar a salvação por méritos e esforços pessoais, ignorando a graça de Deus e o fato de que a vida eterna é um dom.
Na aparente (e atraente) liberdade das práticas religiosas deste início de milênio o homem se deixa, mais uma vez, escravizar. E se angustia cada vez mais à medida que, de vazio em vazio, atinge o nada. E, no entanto, através dos tempos a Bíblia vem afirmando de modo claro e contundente que a vida eterna é uma dádiva, uma dádiva de Deus, e por isso jamais pode ser alcançada por méritos humanos.
João, o apóstolo, falando a respeito de muitos sinais e prodígios realizados por Jesus Cristo e não documentados nos Evangelhos, conclui dizendo: "Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20.31). Paulo, em sua Epístola aos Efésios, afirma: "Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras para que ninguém se glorie" (2.8,9). E sobre a Sua missão entre os homens o próprio Jesus declara: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância... Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (Jo 10.10; 11.25).
Essa é a diferença fundamental entre o Cristianismo e as demais religiões. Nestas o homem é orientado a fazer, conquistar, abrir caminho em direção a Deus; naquele o ensino é de que Deus se fez carne e habitou entre nós. Nas religiões a salvação é glória do esforço humano; no Cristianismo é expressão do amor de Deus. Nas religiões é mérito; no Cristianismo é graça.
Rev. Eudes
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