ANO LV - Domingo, 5 de outubro de 1997 - No 2710
RELIGIÃO E VIDA
"O grande valor dos cultos religiosos é que eles concentram em cerca de uma hora de atividade pública, vocal e congregacional, a devoção de toda a nossa vida. Se isto não acontece, e, ao invés disso, dizemos e cantamos na igreja coisas que nada têm a ver com a vida cotidiana lá fora, em casa e no trabalho, então ir aos cultos é ainda pior do que fazer nada; nossa hipocrisia positivamente provoca náuseas em Deus."
A declaração acima parte do Rev. Dr. John Stott, pastor, escritor e um dos mais conceituados pensadores cristãos do nosso tempo. Assim lida e ouvida, soa bastante forte e aparentemente agressiva. No mínimo, incômoda. Mas se atentarmos para os ensinamentos dos profetas no Antigo Testamento, bem como para os ensinos de Jesus e seus apóstolos, concluiremos que John Stott está interpretando corretamente os conceitos de religião e vida.
O Deus que a Bíblia revela é Deus zeloso. Zeloso a ponto de condenar o tipo de religião que se limita a ajuntamentos solenes, mas vazios de espiritualidade; liturgias festivas, mas destituídas de vida; cerimônias e rituais divorciados da obediência moral e do serviço em amor.
Integramos hoje na família IPVM cerca de 25 irmãos através da pública profissão de fé e dos sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Motivo de júbilo e de gratidão para todos nós. Mas o que significa essa profissão de fé? Ela reflete, de fato, que assumimos o senhorio de Cristo em nossa vida? O que representa o Batismo para nós? É, de fato, uma expressão exterior de uma graça interior? E o participar do Pão e do Vinho? É, de fato, um aprofundamento de nossa comunhão com Ele e de uns com os outros?
É lá fora, no dia-a-dia de nossas vidas, na rotina das nossas atividades e diante dos desafios da convivência social, que essas expressões de fé se farão verdadeiras ou não, perceptíveis ou não. É lá fora que o significado da comunhão e compromisso aqui proclamados será cristalizado, testado e confirmado. Religião e vida não são termos incompatíveis ou excludentes. Pelo contrário, religião e vida interagem e se completam.
Parafraseando o apóstolo Tiago, ousemos dizer: Mostra-me a tua religião sem vida, que eu te mostrarei religiosidade no meu viver.
Rev. Eudes
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