ANO LXXII - Domingo, 31 de agosto de 2014 - Nº 3592
TEMPLO DE SALOMÃO
O templo de Salomão no Antigo Testamento foi considerado uma das maravilhas do Mundo Antigo e tem, ao longo dos anos, fascinado muita gente por sua beleza e significado religioso. Parte da maçonaria, por exemplo, insiste em afirmar seus vínculos com esse edifício, e seus templos onde funcionam as lojas buscam guardar as estruturas do antigo templo salomônico.
Antes de escrever este pequeno texto, procurei ver se o que me movia não era a inveja, despeito, frustração ou algum sentimento menor. Não fui movido por tais formas de sentir. Posso, com tranquilidade, emitir minha opinião sobre a construção gigantesca feita em São Paulo a que se deu o nome de Templo de Salomão.
Começo pelo nome. O templo não é de Salomão, é da Igreja Universal (ou de seu dono Edir Macedo). O templo construído por Salomão foi único e nenhum outro ocupará seu lugar. O segundo templo (iniciado por Zorobabel e concluído por Herodes) era chamado “Segundo Templo” ou, Templo de Herodes. Assim, a designação é uma usurpação do nome dado à construção erigida por Salomão nos dias de seu reinado.
Continuo a questionar com relação ao propósito. O templo de Salomão era para oferecer sacrifícios pelos pecados. Que sentido tem hoje, para o cristão, ter um “outro templo de Salomão”? Oferecer sacrifícios de animais? Tal situação é simplesmente insustentável e despropositada. Talvez o propósito seja demonstração de poder (mais apropriada), pois é o maior templo do Brasil, superando a Basílica de Aparecida do Norte. É a competição/concorrência para demonstrar quem tem mais poder, força, controle ou algo do gênero. Trata-se de ostentação constrangedora. Foram investidos cerca de 700 milhões de reais (declarados) no empreendimento. Quantos poderiam ser beneficiados com tal valor. Hospital, creches, casa para idosos, e outros investimentos.
Quanto ao templo em Jerusalém (Salomão ou Herodes) sabemos que Deus não “habita em casa feita por mãos humanas” (Atos 7:48), Ele permitiu a destruição do primeiro (por causa da soberba) e Jesus disse com relação ao segundo templo: “Não ficará pedra sobre pedra” (Mt.24:2), isso devido ao uso impróprio e já desnecessário do templo. A arca do concerto ou da aliança não diz mais nada a nós, pois estamos hoje sob uma “nova aliança” no sangue do Cordeiro. A arca desapareceu, a presença de Deus entre nós não se representa mais em um objeto, mas se faz pela Pessoa divina do Espírito Santo de Deus. Mais que em catedrais, basílicas e templos suntuosos a habitação de Deus se faz no “coração contrito e compungido” pois a esses “não desprezarás, ó Deus” (Sl.51:17 ; Is.57:15).
Rev. Paulo Audebert Delage