ANO LXVIII - Domingo, 26 de dezembro de 2010 - Nº 3400
"Os reis da terra se levantam, e os principais conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas". (Salmo 2: 2-3).
A partir do final do século XIX e início do século XX, pudemos ver que aquilo proposto e aconselhado pelos reis e príncipes no salmo 2, foi acatado e vivido por muitos governantes. A tentativa de ruptura total e completa com Deus foi intensa e extensa. Governos se instalavam e declaravam-se ateus, baniam a idéia de Deus no ensino nas escolas, fechavam templos de qualquer culto religioso, prendiam e executavam os que insistiam em manter sua convicção de fé. Havia, em contrapartida, também os que mantinham a fachada de: "Deus salve o Rei" ou "Em Deus nós confiamos", mas suas condutas de política interna e externa eram negação de sua profissão de fé, devido à discriminação racial, exploração e colonialismo econômico e político e outras formas inadequadas de ética para alguém que se diz cristão.
Hoje, quase não temos governos ou Estados que se declarem ateus, embora afirmem ser um "Estado laico", ou seja, sem credo religioso oficial. Outros há que se declaram religiosos e estabelecem um determinado credo como o oficial do país, o islã (República Islâmica do Irã), luterano na Finlândia e outros casos.
Pode-se pensar que o conselho equivocado e mau, dado pelos reis e transcrito no salmo, deixou de encontrar eco em nossos dias. Será? É possível haver uma formalidade de admissão de um credo religioso como oficial, é possível que haja promoção do direito à expressão e liberdade de culto, mas os governantes e principais ainda continuam com esta idéia de sacudir as algemas e romper os laços com o Senhor.
Em nosso país (religioso) em que se fala ser um país cristão, nossos governantes, com sua ética, ou melhor, não ética, fazem cortes no orçamento da saúde, educação, saneamento e infra estrutura, chegando à casa dos bilhões, enquanto oneram o orçamento em bilhões com aumento de 60% para os parlamentares e seus consequentes reflexos em outras esferas de governo; ao mesmo tempo em que têm o desplante de propor o aumento de trinta reais no salário mínimo, alegando que tal aumento(?) não pode ser maior por causa do impacto na Previdência e no universo empregatício, posto que haverá uma oneração difícil de ser suportada pelo Estado e pelo empregador. Claro; veja-se a absurda carga tributária imposta à nação para sustento de regalias e aumentos assintosos de "suas excelências". Veja os desvios na Previdência para suportar falcatruas e o não pagamento devido pelas grandes empresas e o "refinanciamento" assintoso que se faz, premiando os infratores. Como não estão seguindo o conselho lesivo de livrar-se do jugo ético da relação com o Deus Soberano e Senhor?
Que nós mantenhamos, neste novo ano, o jugo do Senhor sobre nós e O sirvamos com fidelidade e alegria. Amém.
Rev. Paulo Audebert Delage