ANO LXVII - Domingo, 18 de janeiro de 2009 - Nº 3299
"Bem-aventurado o que espera e chega até..." (Daniel 12:12)
Esta bem-aventurança encontra-se inserida no final do livro de profecias de Daniel. Este livro é uma espécie de Apocalipse do Antigo Testamento, com muitas figuras e imagens que acabam por misturar o futuro histórico próximo e o futuro escatológico distante. Figuras à parte e interpretações escatológicas deixadas de lado, interessa-nos apenas o aspecto do motivo da bem-aventurança.
Esperar e chegar até . Esta é a essência da passagem que gera a beatitude. Há implicação de que se tem alvo ou objetivo a ser alcançado e atingido. As metas existem e são importantes na formulação de nosso viver, a fim de não andarmos sem propósito ou "dando murros no ar". (I Co.9:26).
Há os que são contrários ao estabelecimento de metas ou objetivos no âmbito da vida cristã e mesmo da Igreja. Claro fica que, se não temos um alvo a ser alcançado , é muito confortável, já que não deixamos de cumprir o que objetivávamos, uma vez que não objetivávamos coisa alguma. Assim, leva-se a vida, ou melhor, deixa-se levar pela vida.
A idéia de esperar no texto não é de imobilidade, mas de movimento, ação. É espera dinâmica, "chegar até". Perseverar em caminhar e prosseguir. Este é o desafio ao cristão em meio a um contexto adverso e de oposição acirrada. Espere (indo) até chegar.
A tendência comum é imaginar que perseverar é sinônimo de estacionar, estagnar, parar. Esta não é a realidade. A vida (inclusive a vida cristã e suas demandas) é dinâmica e a premiação se dá ao final da jornada, ao término da caminhada. Parar antes, é não completar a carreira, é desistir e "pendurar as armas". Neste sentido o Senhor Jesus faz coro com a profecia de Daniel ao dizer: "Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo" (Mateus 24:13).
Esperemos, não estagnados e parados, mas perseverando em caminhar e assim "chegar até" o alvo proposto.
Seja sobre nós a graça do Senhor.
Rv. Paulo Audebert Delage